NASA revela detalhes sobre o traje espacial que será usado em futuras missões
A NASA tem desenvolvido novos trajes espaciais para levar humanos à Lua com as missões do programa Artemis. Eles podem não parecer tão diferentes dos que já são utilizados pelos astronautas da agência nas caminhadas espaciais da Estação Espacial Internacional (ISS) – o Extravehicular Mobility Unit (EMU) -,f mas foram necessárias muitas mudanças para possibilitar a futura e aprimorada exploração lunar.
Essa nova versão se chama Exploration EMU, ou simplesmente xEMU. Ao contrário do traje atual, ele permitirá, por exemplo, escalar uma superfície rochosa e realizar tarefas muito mais complexas do que qualquer outro traje anterior era capaz de permitir. Tudo isso foi possível, claro, graças aos avanços tecnológicos iniciados nos primórdios do programa Apollo, das décadas de 1960 e 1970. Desde então, cada melhoria foi um passo para a agência chegar até o momento atual.
De acordo com a própria NASA, a história do xEMU pode ser vista como a história da evolução da engenharia, que nos remete ao Mercury, o primeiro projeto de traje espacial dos EUA. A agência espacial publicou um resumo das melhorias implementadas no xEMU em relação aos trajes anteriores, revelando um pouco mais dessa evolução tecnológica.
Mais segurança
Uma das principais melhorias que o programa Apollo e as missões robóticas na Lua proporcionaram é em relação à segurança. Graças às explorações anteriores, sabemos detalhes o suficiente sobre o ambiente lunar para proteger melhor os astronautas. Por exemplo, graças à experiência obtida com a Apollo 11, sabemos que o maior perigo é que o solo lunar é composto por pequenos fragmentos semelhantes ao vidro. Por isso, o novo traje conta com um conjunto de recursos resistentes à poeira para evitar a inalação ou contaminação do sistema de suporte à vida. O traje também foi construído para suportar temperaturas extremas de frio e calor, dos dias e das noites lunares.
Além disso, agora é possível diminuir o tamanho dos sistemas eletrônicos e hidráulicos do Portable Life Support System – aquela mochila que os astronautas usam nas caminhadas espaciais. Ele guarda a energia e o ar respirável do traje, e remove o dióxido de carbono exalado, além de outros gases, odores e umidade tóxicos da roupa, e também ajuda a regular a temperatura, entre outros instrumentos. Com essa miniaturização, foi possível duplicar uma grande parte do sistema, tornando algumas falhas menos preocupantes. A duplicação também aumenta a segurança e pode aumentar a duração das caminhadas no espaço.
Maior mobilidade
Lembra das imagens dos primeiros astronautas que visitaram a Lua? Seus movimentos, muitas vezes engraçados de assistir, eram limitados e lentos, e eles precisavam andar aos pulinhos e às vezes eles tropeçavam. Isso exigia muito esforço físico. Com o programa Artemis, os astronautas terão tarefas mais complexas e, por isso, precisarão de trajes que ofereçam muito mais agilidade e melhorias de mobilidade.
A parte inferior do novo traje inclui materiais avançados e articulações que permitem dobrar e girar os quadris, aumentar a flexão nos joelhos, e botas com solas flexíveis. No torso superior, aprimoramentos nos ombros permitem que os astronautas movam os braços mais livremente e possam levantar objetos sobre a cabeça. Os novos ombros também minimizam o esforço necessário para a mobilidade total e incluem rolamentos que permitem a rotação completa do braço, do ombro ao pulso. Uma evolução e tanto se compararmos com os trajes do programa Apollo!
Melhor comunicação
Dentro do capacete, a NASA redesenhou o sistema de comunicações. Os fones de ouvido nos trajes usados hoje em dia podem ficar suados e desconfortáveis dentro do capacete, e o microfone nem sempre acompanha bem os movimentos do astronauta.
O novo sistema de áudio do xEMU inclui vários microfones embutidos, ativados por voz, no interior do tronco superior, que captam automaticamente a voz do astronauta quando eles falarem com seus companheiros de tripulação ou de caminhada espacial.
Modular e adaptável
O novo traje foi projetado com peças intercambiáveis que podem ser configuradas para diferentes tipos de missões e destinos, desde caminhadas espaciais em microgravidade ou em uma superfície planetária. Em outras palavras, o mesmo sistema central pode ser usado na ISS, na futura estação orbital lunar Gateway, na superfície da Lua ou mesmo em Marte.
Além disso, o design foi aprimorado e incluiu uma entrada na parte traseira. Isso permite uma colocação aprimorada do ombro, com maior mobilidade e melhor ajuste, além de reduzir o risco de lesões no ombro do astronauta. O capacete dos trajes para as missões Artemis contará com um visor protetor de troca rápida. A função de troca rápida da viseira significa que os astronautas podem substituí-la antes ou depois de uma caminhada espacial, em vez de enviar o capacete inteiro de volta à Terra para reparos.
Rumo ao polo Sul lunar
As missões Artemis levarão os primeiros astronautas para o polo Sul da Lua em 2024, e eles também terão que se preparar para melhor adaptação àquele ambiente. Praticar na Terra ajuda, mas é difícil replicar a diferença real de gravidade, pressão e exposição ambiental. Por isso, antes de enviar humanos para lá, a NASA testará os novos trajes e vários de seus componentes na ISS em um ambiente de voo espacial para confirmar o desempenho geral.
A NASA está pronta para construir e certificar os trajes espaciais que serão usados durante a próxima viagem à superfície lunar em 2024, como parte da missão Artemis III (a Artemis II já levará astronautas à Lua, mas somente à órbita, sem pouso na superfície). Depois disso, a agência planeja passar para a indústria dos EUA a responsabilidade pela produção, montagem, teste, e manutenção de uma nova leva de trajes espaciais.