Google planeja mudar apps do Android para dar mais privacidade
Companhia disse nesta quarta-feira (16) que está lançando um esforço de vários anos para criar soluções de publicidade focadas na privacidade do usuário
O Google planeja desenvolver novas medidas de privacidade que impedem a capacidade de rastrear usuários em aplicativos nos dispositivos Android, potencialmente abalando negócios baseados em publicidade digital como o Facebook, que já foram interrompidos por mudanças de rastreamento de aplicativos promovidas pela Apple ano passado.
A empresa disse nesta quarta-feira (16) que está lançando um esforço de vários anos para criar soluções de publicidade focadas na privacidade que irão limitar o compartilhamento de dados de usuários com terceiros.
Essas soluções funcionarão sem os identificadores individuais que permitem aos desenvolvedores rastrear a atividade do usuário em vários aplicativos móveis e criar anúncios direcionados ao comportamento e aos interesses de um usuário.
O Google também informou que está explorando tecnologias que reduziriam o potencial de coleta de dados de um usuário sem o conhecimento.
O anúncio – que ocorre no momento em que o Google e outras grandes empresas de tecnologia enfrentam crescente análise regulatória por assuntos de privacidade e outras questões – foi leve em detalhes específicos sobre como o novo sistema funcionaria. Mas foi o suficiente para enervar alguns investidores em empresas que dependem de publicidade digital direcionada. As ações da Meta (FB), Snap (SNAP), Twitter (TWTR) e Pinterest (PINS), caíram todas no início das negociações nesta quarta-feira após o anúncio.
Algumas dessas empresas já sofreram um impacto financeiro nos últimos meses depois que a Apple implementou mudanças na atualização do iOS 14.5 no ano passado com o objetivo de dar maior privacidade e controle sobre seus dados. A mudança – que dá aos usuários a opção de não permitir que os aplicativos rastreiem seu comportamento – contribuiu para um declínio de mais de US$ 200 bilhões no valor de mercado da Meta depois que ela divulgou resultados no início deste mês.
A Meta disse que a mudança de rastreamento de aplicativos deve ter um impacto de US$ 10 bilhões nos resultados da empresa este ano.
No entanto, o Google observou que planeja trabalhar com desenvolvedores para construir o novo sistema e disse, sem citar a Apple, que não adotará a mesma abordagem “contundente”, opt-out (possibilidade de descadastro, por exemplo) que a fabricante do iPhone adotou, o que poderia fornecer alguma segurança para empresas de aplicativos e anunciantes.
“Acreditamos que — sem primeiro fornecer um caminho alternativo de preservação da privacidade — tais abordagens podem ser ineficazes e levar a resultados piores para a privacidade do usuário e empresas de desenvolvedores”, disse Anthony Chavez, vice-presidente de gerenciamento de produtos para segurança e privacidade do Android, em um comunicado feito na postagem do blog.
Chávez também observou que o Google planeja continuar apoiando seu sistema de rastreamento existente por pelo menos dois anos e fornecerá “aviso substancial” à indústria sobre como as mudanças funcionarão.
Questionado sobre o anúncio do Google e seu potencial impacto nos negócios da Meta, um porta-voz da empresa de mídia social apontou para um tweet de Dennis Buchheim, vice-presidente do ecossistema de publicidade da empresa. “Animador ver essa abordagem colaborativa de longo prazo para a publicidade personalizada de proteção à privacidade do Google”, disse Buchheim sobre o anúncio de quarta-feira.
O anúncio do Google ocorre no momento em que a empresa também está trabalhando para substituir cookies de terceiros, que podem ser usados para rastrear o comportamento dos usuários na web, por uma solução mais focada em privacidade em seu navegador Chrome.
Esse esforço, que estava inicialmente previsto para ser lançado este ano, atingiu alguns obstáculos, já que o Google tenta equilibrar a entrada de anunciantes e especialistas em privacidade.
Também ocorre quando os reguladores europeus reprimem as práticas de privacidade de dados das grandes empresas de tecnologia e os reguladores e legisladores dos Estados Unidos levantam cada vez mais preocupações sobre gigantes online dominantes que preferem seus próprios produtos e serviços em suas plataformas.
O Google disse que se comprometeu a não priorizar seus próprios produtos ou sites de anúncios com suas mudanças de privacidade na web, e fará o mesmo no Android.