Como você pode ajudar cientistas a combater o novo coronavírus com o seu computador
Em meio à pandemia de COVID-19, cientistas trabalham para conhecer melhor a doença e combatê-la, muitas vezes com a ajuda de supercomputadores. Essas máquinas podem estar a serviço dos pesquisadores com a sua ajuda: é possível doar um pouco de processamento de seus computadores e smartphones para a ciência, criando uma espécie de supercomputador colaborativo.
Esses projetos que reúnem poder de processamento de milhares de máquinas não são novos. E com a pandemia causada pelo novo coronavírus, eles estão se voltando para as pesquisas relacionadas com a doença.
Muitos cientistas estão utilizando modelos computacionais para determinar a estrutura do vírus e suas proteínas, identificar moléculas que podem ajudar no tratamento e até mesmo criar medicamentos e vacinas.
Folding@Home
O projeto mais direto é o Folding@Home, que simula dinâmicas de proteínas de várias doenças. Com o surto de COVID-19, eles estão focando nas pesquisas relacionadas: basta baixar o software, criar uma conta simples e escolher “qualquer doença” na lista de apoio à pesquisa. (Em inglês a opção é “Any disease” na lista “I support research fighting”). Desta forma, o seu computador vai colaborar diretamente com pesquisas sobre o novo coronavírus.
O projeto é liderado pelo Departamento de Química da Universidade de Stanford, mas os dados são compartilhados com cientistas ao redor do mundo. Disponível para Windows, Mac e Linux, o Folding@Home utiliza um pouco do poder de processamento da sua CPU (processador) e GPU (placa de vídeo). Periodicamente, ele envia os dados produzidos na sua máquina para um servidor central.
Dependendo do poder da sua máquina, você pode definir se quer dar uma contribuição leve, média ou completa. É possível fazer ajustes caso perceba que seu computador ficou ligeiramente mais lento – desta forma, o programa vai respeitar os outros softwares que sejam prioritários no processamento do seu PC. Na aba “When”, você escolhe se o programa vai rodar enquanto você usa a máquina ou quando ela está ociosa.
Rosetta@home via BOINC
Outro projeto similar, com um pouco mais de sofisticação é o BOINC. Ele tem projetos nas áreas de biomedicina, física, astronomia, entre muitas outras. É mantido pela Universidade da Califórnia em Berkeley e tem uma interface menos intuitiva – porém, mais personalizável.
O projeto também usa o processamento de dispositivos Android, além de computadores com Windows, Mac ou Linux.
Depois de baixar e instalar o BOINC em seu computador ou celular, você pode colaborar com as pesquisas sobre o novo coronavírus pelo programa Rosetta@home, da Universidade de Washington. É só escolher o projeto na lista e fazer um cadastro com nome de usuário, e-mail e senha.
Esses softwares geralmente não afetam muito o desempenho do seu computador, já que podem ser configurados para não rodar enquanto o PC está em uso.
Indo em Opções > Preferências de computação, você pode ativar as duas primeiras opções que pedem para o BOINC não funcionar enquanto você estiver usando o computador, nem quando ele estiver na bateria (no caso de laptops). Você também pode selecionar o período de inatividade, e quanto do CPU o programa pode usar (o recomendado é deixar em 50% para evitar superaquecimento).
A página de políticas de uso do Rosetta@home alerta que alguns aplicativos podem causar superaquecimento em alguns computadores – “se isto acontecer, pare de rodar Rosetta@home ou use um programa utilitário que limita o uso do CPU”, aconselha o projeto.
Diversos projetos, como o Rosetta@home e o Folding@Home têm fóruns (em inglês) para tirar dúvidas, prestar esclarecimentos sobre as pesquisas e divulgar os avanços conquistados.
Um agradecimento especial ao Maurício T., leitor que enviou a dica de pauta para o nosso e-mail [email protected] e para o Flávio, nosso programador que colabora com o Folding@Home e nos explicou como funciona o software.