Apple x Facebook: a nova ferramenta do iPhone que acirra disputa das gigantes da tecnologia

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Um novo recurso que está sendo lançado nesta semana em aparelhos iPhone e iPad, permitindo que usuários rejeitem a coleta de seus dados por aplicativos, vem acirrando a rivalidade entre as gigantes Apple e Facebook.

A ferramenta desagrada o Facebook, uma vez que dados de usuários – e os anúncios publicitários embasados neles – são justamente o que tornam a rede social tão lucrativa. Centrado no chamado de IDFA (identificador para anunciantes, na sigla em inglês), o recurso novo implantado pela Apple pode resultar, portanto, em um significativo revés financeiro a esse modelo de negócios.

O IDFA é um identificador que consta de todos os iPhones e iPads. Empresas que vendem anúncios, incluindo o Facebook, usam o IDFA para tanto direcionar os anúncios ao público desejado quanto para estimar sua eficácia.

E o IDFA pode ser pareado com outras tecnologias, como os pixels de rastreamento do Facebook ou os cookies de rastreamento, que seguem os usuários pela internet para aprender mais sobre seus hábitos online.

 

A questão é que, com o lançamento, nesta semana, do iOS 14.5, um recurso de Rastreamento de Transparência da Apple estará instalado automaticamente nele – com isso, forçará desenvolvedores a pedir explicitamente aos usuários permissão para usar seu IFDA.

Pesquisas indicam que até 80% dos usuários devem negar essa permissão, algo de que o Facebook está ciente.

O que explica a decisão da Apple?

No cerne da disputa está a questão de quantos dados pessoais queremos compartilhar com as redes sociais

Ao contrário do Facebook, a Apple tem pouco interesse nos dados dos seus usuários. Afinal, seus lucros vêm da venda de aparelhos e apps, e não de anúncios publicitários. Além disso, a empresa sempre tentou se posicionar como uma defensora da privacidade.

Ainda em 2010, o cofundador da empresa, Steve Jobs, reconheceu que muitas pessoas não se importam com a quantidade de dados que compartilham, mas afirmou que elas sempre deveriam ser informadas a respeito de como esses dados são utilizados.

“Privacidade significa saber em que você está se metendo, com linguagem simples e repetidamente – pergunte a eles (usuários), pergunte a eles o tempo todo”, afirmou na ocasião.

Mais recentemente, em declaração que muitos viram como uma alfinetada indireta no Facebook, o atual executivo-chefe da Apple, Tim Cook, afirmou que “se um negócio é construído à base da enganação das pessoas e da exploração de dados, de escolhas que não são escolha nenhuma, ele não merece nosso elogio. Ele merece uma reforma”.

A Apple também está reforçando a privacidade em seus sistemas. Seu browser Safari já bloqueia cookies de terceiros automaticamente, e, no ano passado, a Apple forçou seus provedores de app no iOS a detalhar, na App Store, os dados que estão coletando.

A reação do Facebook

Facebook depende da coleta de dados dos usuários para vender anúncios e mensurar sua eficácia

O Facebook advertiu que o update com a ferramenta da Apple pode impactar negativamente suas receitas obtidas por sua rede de anunciantes, atingindo principalmente pequenos negócios que impulsionam publicações na rede social.

A empresa argumentou também que o compartilhamento de dados com anunciantes é algo essencial para dar aos consumidores “experiências melhores” de navegação.

Afirmou, ainda, que a Apple está sendo hipócrita, porque forçará empresas de apps a procurar outras fontes de receitas – como assinaturas e pagamentos – de seus consumidores. Receitas essas das quais a Apple terá uma fatia.

Como costuma acontecer quando está sob pressão, o Facebook iniciou uma ofensiva de relações públicas. Fez anúncios em jornais de circulação nacional dos EUA em dezembro, com depoimentos de pequenos negociantes contando como só sobreviveram à crise econômica da pandemia graças a anúncios direcionados no Facebook.

Em post recente em seu blog (em inglês), o Facebook pareceu aceitar as mudanças no iOS e prometeu “novas experiências aos anunciantes e novos protocolos de mensuração”. A empresa admitiu que a forma como anunciantes digitais coletam e usam informações precisa “evoluir” para um modelo que dependa de “menos dados”.

Como isso impacta os usuários?

Em anos recentes, governos e agências reguladoras têm aumentado sua preocupação em torno do tamanho e da complexidade do ecossistema que rodeia websites, aplicativos e empresas de redes sociais.

Eis alguns dados que chamam a atenção:

– Em média, aplicativos têm seis rastreadores feitos por terceiros que servem unicamente para coletar e compartilhar dados dos usuários online, segundo um relatório encomendado pela Apple;

– Alguns aplicativos exigem acesso a mais dados do que de fato precisam para prestar seu serviço. O TikTok, por exemplo, está sendo processado na Inglaterra por coletar uma enorme quantidade de dados de crianças;

– Uma agência britânica está investigando o funcionamento de bilhões de de anúncios direcionados online que são despejados automaticamente em páginas da internet e em apps.

Muitos nessa indústria acreditam que o modelo atual terá, de fato, de ser modificado, independentemente dos updates da Apple.

O consultor em tecnologia Max Kalmykov escreveu, em artigo no site Medium, que anunciantes têm de se preparar “para a próxima era da publicidade online, focada na privacidade”.

Essa próxima era pode incluir anúncios contextuais – por exemplo publicidade de itens de moda aparecendo apenas em sites de moda, em vez de seguindo usuários aleatoriamente pela internet.

Patrocínio de podcasts ou influenciadores digitais seria outra forma não intrusiva de anunciar, defende ele.

Enquanto isso, a Apple afirma que apoia a indústria publicitária e que vai lançar novas ferramentas gratuitas que ajudem anunciantes a saber o quão eficiente foi sua campanha – sem, no entanto, revelar dados individuais do público-alvo.

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Fonte bbc
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