Amazon expande seu serviço de telemedicina em todo os EUA e para outras empresas
A Amazon anunciou nesta quarta-feira que está expandindo seu serviço de telemedicina – conhecido como Amazon Care – para 100% de seus funcionários em todos os EUA. Além disso, a gigante do e-commerce planeja expandir a plataforma também para outras empresas.
O Amazon Care foi lançado como um programa piloto há dois anos e projetado para fornecer atendimento remoto para funcionários da Amazon em casos de emergência. Inicialmente, ele foi utilizado apenas no estado de Washington, no noroeste Pacífico dos EUA – e onde está localizada a sede da gigante do e-commerce. Entre os serviços oferecidos, estão consultas virtuais gratuitas e visitas domiciliares feitas por enfermeiras para testes e vacinas. A partir daí, a plataforma foi se expandindo para um nível acima de atendimento primário.
“A Amazon Benefits (serviço de benefícios voltado aos funcionários da Amazon) tem sido o cliente corporativo que atendemos até agora”, disse Kristen Helton, diretora da Amazon Care ao canal CNBC. “Agora, olhando para outras empresas, estamos entendendo suas necessidades e achamos que muitas delas são semelhantes [aquelas que já atendemos]”.
Evolução
A oferta do Amazon Care a todos os funcionários da Amazon nos EUA, bem como a outras empresas, será feita ainda esse ano, mas contemplando apenas a oferta do atendimento virtual. Os serviços presenciais adicionais continuam apenas no estado de Washington e também na segunda sede da gigante do e-commerce, localizada na área metropolitana de Washington DC.
A mudança ocorre dois meses depois que a Amazon anunciou o encerramento da Haven, sua joint venture com a Berkshire Hathaway e o JPMorgan. A companhia funcionava como uma incubadora para melhorar os programas de saúde dos empregadores e durou três anos.
Nesse meio tempo, a Amazon desenvolveu e lançou sua própria farmácia online, ação que ocorreu depois da empresa comprar a PillPack em 2018. No ano passado, a companhia criou uma parceria com o provedor de saúde Crossover Health para lançar clínicas de saúde presenciais para seus funcionários. Agora, a iniciativa atende trabalhadores da Amazon em 17 locais nos estados do Texas, Arizona, Kentucky, Califórnia e Michigan.
A farmácia, as clínicas dos funcionários e a Amazon Care são administradas como iniciativas independentes de assistência à saúde na Amazon. “Desenvolvemos a capacidade de tratar doenças crônicas”, afirmou Helton. “Você pode consultar o mesmo provedor e ter uma equipe de atendimento, para que esse grupo de médicos realmente te conheça e eu diria que também estamos aprendendo no lado clínico, para darmos aos médicos as ferramentas para fornecer um atendimento excelente ”.
Telemedicina ganha força nos EUA
Com a evolução de seus serviços médicos apontando um desenvolvimento satisfatório, a Amazon já planeja como ganhar dinheiro com eles. Para isso, ela está mirando oferecer seu programa também para outras empresas. E isso ocorra logo após um aumento expressivo do atendimento por meio da telemedicina gerado pela pandemia de Covid-19.
“O que estamos ouvindo dos empregadores é que eles estão procurando plataformas que possam fornecer um conjunto de serviços”, explicou o analista Charles Rhyee, diretor administrativo do banco de investimentos Cowen & Co. Ele acrescentan ainda que a maior parte da telemedicina tem se concentrado no atendimento de urgência, “[A telemedicina] não está realmente conectado aos cuidados gerais de saúde. Logo, a atenção primária virtual é a próxima etapa.”
A previsão de Rhyee vai de encontro com a movimentação das empresas de telemedicina nos EUA de 2020 para cá. Em outubro, a Teladoc pagou US$ 18 bilhões para adquirir a Livongo, empresa de gerenciamento de diabetes. Já em fevereiro, a Evernorth, uma das divisões da multinacional de serviços de saúde Cigna, anunciou que comprará a plataforma de atendimento virtual MDLive por um valor não revelado. E esta semana, o provedor de telemedicina Dr. on Demand anunciou que está se fundindo com a Grand Rounds , que fornece serviços de navegação para cuidados de saúde.
Todos os três negócios se concentraram em fornecer serviços de saúde digital mais integrados aos empregadores, à medida que as grandes empresas buscam, cada vez mais, tornar os serviços médicos e de saúde mental mais acessíveis virtualmente, além do presencial.
“Acho que o que aprendemos é que, provavelmente, teremos um modelo híbrido”, disse o Dr. Bob Kocher, sócio da Venrock, empresa de capital de risco e que atua como observador do conselho no Dr. on Demand e na Grand Rounds. Às vezes vamos ao consultório médico, quando precisamos de um procedimento, quando precisamos de imagens e quando não temos certeza do que está acontecendo conosco. Em outros casos, esses consultas poderão ser feitas virtualmente”, completa.
As seguradoras de saúde também estão entrando na expansão da telemedicina. A CVS Health está conduzindo um programa piloto de atendimento primário virtual com uma grande empresa. Para isso, ela está usando o seu serviço proprietário, o Minute Clinic; já a UnitedHealthcare, divisão da gigante UnitedHealth Group, lançou seu próprio serviço de atenção primária virtual para atender a outras empresas em janeiro deste ano.
Com tudo isso, a Amazon tem planos para ser o novo – e poderoso- player no mercado de telemedicina para outras empresas. E ela terá que acelerar, já que o atendimento primário virtual também é um negócio em desenvolvimento para seus concorrentes mais estabelecidos – e com mais experiência na área – o que pode tornar o jogo bastante competitivo.
“A área de saúde é um espaço incrivelmente grande e há muitas oportunidades. Vemos que há espaço para mais de um vencedor no espaço ”, disse Kristen Helton, da Amazon Care.
Fonte: CNBC e Business Insider