Vírus da herpes B: o que sabemos sobre a doença que matou um homem na China
No sábado (17), autoridades de saúde na China confirmaram o óbito de um pesquisador e veterinário, de 53 anos, após contrair uma doença infecciosa rara e mortal, conhecida por contaminar macacos. O paciente faleceu em Pequim e, segundo as autoridades locais, foi o primeiro caso documentado de varíola do macaco — Monkeypox, no nome original, é causado pelo vírus da herpes B — no país. Em maio deste ano, a infecção entrou na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) das 10 doenças infecciosas que podem se tornar a causa das próximas pandemias.
Segundo o Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças, o veterinário trabalhava em um instituto de pesquisa especializado em reprodução de primatas não-humanos e teria dissecado dois macacos contaminados em março deste ano.
Passado um mês da operação, o cientista relatou uma série de sintomas, como náuseas, vômitos e febre. O óbito foi registrado no dia 27 de maio, conforme divulgou o jornal The Washington Post. Posteriormente, análises clínicas do sangue e da saliva do pesquisador confirmaram o caso de herpes B, vinda do macaco. Segundo as autoridades chinesas, dois contatos próximos do homem, um médico e uma enfermeira, testaram negativo para o vírus.
Vírus da herpes B: mais um caso nos Estados Unidos
Na última sexta-feira (16), as autoridades de saúde dos Estados Unidos confirmaram que um passageiro que viajou, de avião, da Nigéria para o estado norte-americano do Texas foi diagnosticado com varíola do macaco. Até o momento, a maioria dos registros históricos da infecção estava concentrado no continente africano.
Segundo as autoridades locais, este é o primeiro caso da doença diagnosticado no país em quase duas décadas. Neste ano, além do caso texano e o chinês, já foram registrados outros três casos da infecção rara em humanos no Reino Unido. No entanto, a doença parece controlada.
O que a varíola do macaco pode causar?
A herpes B ou varíola do macaco é comum em primatas não-humanos, mas extremamente rara em pessoas, como mostram os casos do Texas e de Pequim. No organismo humano, o vírus ataca o sistema nervoso central e causa inflamações no cérebro que levam à perda de consciência. Caso não seja tratada, a taxa de mortalidade é de cerca de 80%.
No mundo, menos de 100 casos humanos foram relatados de herpes B desde o primeiro caso de transmissão de primata para humano em 1932. Dessa forma, as principais vítimas tendem a ser veterinários, cientistas ou pesquisadores que trabalham diretamente com primatas. A partir do trabalho, podem se contaminar com os fluidos corporais do animal através de arranhões, mordidas ou dissecções.
Em comum com o coronavírus SARS-CoV-2, tanto a varíola do macaco quanto a COVID-19 são consequência do fenômeno de transbordamento zoonótico. Isso significa que uma agente infeccioso “escapou” de uma espécie e migrou para outra. No entanto, o vírus da COVID-19 se adaptou para infectar humanos, o que não ocorreu com vírus da herpes B até o momento.
Fonte: Medical X Press, BBC e The Washington Post