Época de folia, mas que inspira atenção com doenças infecciosas
Males sexualmente transmissíveis aumentam no período de Carnaval, e autoridades pedem prevenção
A preocupação deve existir no ano todo, mas, no Carnaval, quando as pessoas costumam aproveitar os dias de folia, o risco aumento e se intensificam as campanhas de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis. A folia em Belo Horizonte já começou oficialmente no último fim de semana, e vai durar até março. Por isso, médicos reforçam a necessidade dos preservativos. Neste ano, segundo especialistas, o esforço é de elevar o tom de alarme para os mais jovens, grupo no qual o Ministério da Saúde vem constatando menor hábito de usar preservativos – e maior índice de contágio por HIV.
Em Belo Horizonte, somente no ano passado foram registrados mais de 697 casos de HIV e 71 de Aids. Por dia, sete pessoas foram também contaminadas por sífilis na capital – foram 2.767 casos. Em Minas Gerais, até novembro do ano passado, a média era de 11 pessoas contaminadas por dia por HIV/Aids. Além deste vírus, outras infecções sexualmente transmissíveis tiveram aumento, como a sífilis, considerada epidemia no Brasil, que tem gerado 54 casos por dia no Estado, em média.
De acordo com a diretora de Assistência da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Renata Mascarenhas, é difícil precisar se há um aumento no número de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) durante o Carnaval. O que acontece é que o número de exames laboratoriais para detecção de ISTs aumenta após esse período em que a exposição das pessoas ao risco é maior. “Teremos uma equipe multiprofissional que estará nas ruas entregando material de orientação. Além disso, teremos unidades de pronto atendimento 24 horas por dia”, pontua.
A médica infectologista e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Julia Caporali, alerta ainda para outros cuidados. “Temos viroses que são transmitidas ao compartilhar o mesmo copo e garrafa, por conversarem muito próximo, além do beijo. Doenças sexualmente transmissíveis não é só pelo sexo com penetração, é preciso atenção com o sexo oral também”, destaca.
Prevenção vai além do uso de preservativos
Por anos, o enfoque preventivo em relação à transmissão do HIV se deu basicamente ao uso de preservativos. Porém, nos últimos anos, outras formas de abordagem preventivas são mais difundidas quando falamos de HIV, infecções sexualmente transmissíveis – as ISTs – e hepatites virais. A chamada “prevenção combinada”, que incluiu o teste de HIV e antirretrovirais para uso antes e após a exposição ao vírus, vem para ampliar o conceito de prevenção e entender que outras práticas em saúde ajudam a frear a epidemia de HIV.
Entre os antirretrovirais disponíveis em unidades de saúde está a Profilaxia Pós-Exposição Sexual (PEP), indicada para quem não usou camisinha ou notou que o preservativo se rompeu durante o sexo. A pessoa tem até 72 horas para iniciar o tratamento. “O teste também é uma forma de prevenção. Se a pessoa descobre que tem a doença, é possível interromper a cadeia de transmissão”, alerta a infectologista e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Julia Caporali.
Onde encontrar
Teste rápido. Nos centros de saúde e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) Sagrada Família e Carijós.
PEP. No Centro de Treinamento e Referência (CTR) Orestes Diniz, na Unidade de Referência Secundária (URS) Centro-Sul, no CTA Sagrada Família e no Hospital Eduardo de Menezes.