Mais de 20 profissionais da saúde são infectados com Covid-19 no Tocantins
Servidores do setor relatam o medo de infectar pessoas da família e ainda denunciam falta de equipamentos de proteção em hospitais do estado.
No Tocantins, 21 profissionais da saúde que atuavam no combate ao novo coronavírus testaram positivo para a doença, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde. Alguns desses servidores já se recuperaram, mas quem trabalha na linha de frente ainda precisa enfrentar muitos desafios diários. A secretaria não informou a quantos já se curaram.
O combate à Covid-19 tem exigido corpo e mente fortes para esses profissionais. “A gente sabe que a gente chega bem ao hospital, mas a gente não sabe como vai voltar para casa. Se a gente vai voltar bem, se a gente vai voltar infectado, se a gente vai infectar alguém da nossa família. E na pressão muito grande, física e emocionalmente”, disse a enfermeira Karina Ramos.
A enfermeira Valéria Queiroz tem mais de 20 anos de profissão e não tem dúvida de que esse é o maior desafio que ela já enfrentou. “A falta de equipamento de proteção individual, que isso é falado constantemente, no dia a dia de todos os profissionais. Aonde eu trabalho, nós improvisamos uma sala para atendimento para chegada desses pacientes, mas que não é o ideal”.
Mesmo adotando todos os protocolos, ao voltar para casa e ao chegar no local de trabalho, enfermeiros, médicos e técnicos de enfermagem não escaparam e passaram a fazer parte das estatísticas da Covid-19 no estado.
A Secretaria Estadual da Saúde informou que afastou até o dia 27 de abril, 119 gestantes e lactantes, 183 idosos acima de 60 anos, 31 servidores com crianças menores de 1 ano e 211 portadores de doenças.
O secretário de saúde Edgar Tollini afirmou que o estado adquiriu e recebeu doações de equipamentos de proteção e que tem abastecido as unidades conforme a demanda. Disse ainda que tem adotado os protocolos para garantir a saúde de servidores na unidade.
“Nós temos feito as capacitações, as conscientizações, o manuseio do paciente com Covid-19 desde a porta de entrada. Então, 21 profissionais, sabe qual a média nacional? 16%. Teoricamente, eu teria que ter 100 aqui e não tem. Você foi diagnosticada, eu afasto toda equipe. Aí a gente espera sete dias para ver se alguém vai apresentar sintomatologia. Apresentou, a gente testa e mantém por mais sete dias. Porque se você estiver infectada, de 0 a sete dias, com teste rápido, às vezes eu não consigo diagnosticar se o outro foi infectado”.
Os pacientes que se recuperaram já voltaram ao trabalho. Eles estão cumprindo um dever social que é garantir a saúde e o atendimento da população.
“É uma doença que tem matado muitas pessoas e não vamos esperar a população ver um ente querido seu morrer ou você para acreditar que a doença está aí, que é uma doença perigosa”, concluiu Karina.