Imunização contra a Covid-19 precisará ser periódica, afirma Dimas Covas Marina Kaiser
O Brasil começou a campanha de vacinação contra a Covid-19 em janeiro deste ano com a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac. Depois, foram adicionadas unidades da Covishield, desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Agora, quase dois meses depois de iniciada a vacinação no país, a CoronaVac segue como a mais utilizada por aqui: representa mais de 80% das doses distribuídas. “A nossa vacina é a única, atualmente, usada em grande volume no país”, afirma Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
Além desses dois imunizantes, ambos liberados para uso emergencial, o ministério da Saúde diz que o Brasil deve receber em breve doses da vacina desenvolvida pela Pfizer em parceria com a BioNTech. Ela é a única, até o momento, a ter registro definitivo emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Governo Federal anunciou também a intenção de comprar unidades da Covaxin, produzida pelo laboratório Bharat Biotech, na Índia. Por enquanto, entretanto, o uso emergencial do imunizante ainda não foi aprovado pela Anvisa.
Segundo Covas, o Instituto Butatan opera em capacidade máxima e tem até reprogramado a fabricação de imunizantes contra outras doenças para priorizar a produção da CoronaVac. “Já fizemos um primeiro esforço e, com isso, nos planejamos para entregar 22 milhões de doses no fim de março, quando a previsão inicial era de pouco menos de 18 milhões”, diz.
A partir de abril, a instituição deve entrar na segunda etapa de fornecimento da CoronaVac. Isso deve aumentar a quantidade de doses entregues mensalmente, mas o instituto ainda depende do fluxo de chegada de matéria-prima para que a previsão se concretize.
Imunização e mutações
O Brasil enfrenta atualmente mais uma onda da pandemia do novo coronavírus, com recordes diários de mortes e surgimento de variantes. Há, inclusive, a preocupação de que o país se torne um celeiro de mutações, o que agravaria ainda mais a situação da crise sanitária em todo o mundo.
O debate sobre a eficácia da imunização contra a Covid-19 com as vacinas já existentes aumenta cada vez mais. “Observando a evolução da pandemia já sabemos que aparecerão outras variantes e, na minha opinião, o vírus será endêmico”, diz Covas. “Com tudo isso em mente, resta saber qual o tempo de duração da imunização conferida pela vacina. Tudo indica que ela será inferior a um ano e a vacinação periódica será necessária.”
Covas afirma que é preciso vacinar um número maior de pessoas para ser possível analisar a real eficácia da CoronaVac em relação às variantes. Com base no que tem de informação no momento, Covas acredita que, possivelmente, o imunizante tenha de ser atualizado para continuar a imunização contra a Covid-19.
Via: Veja