Covid-19: Especialistas dizem que pico de mortes pode ser maior no fim de 2020 e início de 2021
Especialistas ouvidos pelo UOL antecipam que um pico de infecções e mortes por Covid-19 podem acontecer entre o final de 2020 e o início de 2021. Segundo o levantamento, há uma grande possibilidade de que a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) traga um impacto maior agora do que houve no começo da pandemia, em março.
De acordo com o UOL, a análise tomou São Paulo como base, registrando a progressão do percentual de isolamento do estado e traçando uma expectativa nada favorável: pelo site, o último domingo (27) contou com índice de 49%, enquanto a segunda-feira (28), dia seguinte, esse número caiu para 42%.
Nesta terça-feira (29), o Brasil registrou 1.111 mortes pela Covid-19, ampliando o total de óbitos para mais de 192 mil. Também nas últimas 24 horas foram mais de 58 mil novas infecções confirmadas, conforme o Olhar Digital noticiou.
Os especialistas entrevistados antecipam que os picos de morte por Covid-19 devem começar a aparecer nos próximos 15 dias – período médio de incubação do Sars-Cov-2 em novos infectados. Muito disso se deu pelo fato de que, até domingo, o estado se encontrava na chamada “fase vermelha”, onde apenas serviços essenciais tinham autorização para funcionar. Mesmo assim, a região litorânea de São Paulo já havia começado a receber diversos turistas que se dirigiram às praias para a passagem de ano.
Nesta segunda – e até quinta (31) -, o estado voltou para a “fase amarela”, permitindo que comércios comuns, como bares, restaurantes e academias, voltassem a funcionar com imposição de algumas restrições. A exceção disso é o município de Presidente Prudente, que segue na fase vermelha.
Segundo Paulo Lotufo, professor de epidemiologia da Universidade de São Paulo (USP), o problema não é, necessariamente, “ir” à praia. Se a região litorânea tivesse aglomerações, porém com um mínimo respeito ao distanciamento e promovido por moradores e pessoas da região, a situação poderia ser mais gerenciável. Mas o influxo de turistas complica mais uma situação já arriscada.
“A questão das praias de São Paulo é que quem desce da capital de carro vai no mercado, no bar, na padaria e está tudo lotado. Um monte de aglomeração nos prédios, condomínios… Aí é que está o problema”, disse Lotufo ao UOL. Ele completou: “Os prefeitos fingem não saber: quem vai se contaminar são os trabalhadores, moradores das cidades. Então, daqui um tempo, eles terão uma quantidade muito grande de pessoas infectadas, doentes, por todo esse fluxo de turistas”.
A comparação do momento atual com o início da pandemia não é à toa. Segundo os especialistas, em março, os casos registrados nas várias cidades e municípios do estado foram mais pontuais, uma vez que alguns locais tomaram mais providências que outros. Agora, porém, o cenário é outro: o volume de novas infecções e óbitos registrados está aumentando de maneira uniforme por todo o estado.
“Agora tem [coronavírus] no país inteiro. Então, o que acontece é que temos o relaxamento, mais contágio e casos em todos os locais ao mesmo tempo. Aquilo de começar no estado pela capital, ir para a Grande SP, depois ao interior não está acontecendo. Aumentará no estado inteiro”, afirmou Lotufo.
Fonte: UOL