Brasil apresenta o menor percentual de Covid-19 em adultos da pandemia
Boletim da Fiocruz revela que, no último mês, a taxa de positividade para o vírus respiratório teve uma queda de 96% para a 50,7%
O boletim Infogripe, divulgado nesta quarta-feira (6) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que o Brasil apresenta o menor percentual de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 em adultos desde o início da pandemia.
Segundo o documento, cerca de 96% dos casos de SRAG com identificação laboratorial eram por Covid-19 no período crítico no país. Entretanto, no último mês, a taxa de positividade para o vírus respiratório teve uma queda para 50,7%.
Por outro lado, o levantamento indica que a incidência nos casos de SRAG em crianças e adolescentes mantém ascensão significativa em diversos estados desde o mês de fevereiro, período de retomada do ano letivo.
Em crianças de 0 a 4 anos, os dados laboratoriais apontam para a influência de casos associados ao vírus sincicial respiratório (VSR). Já no grupo de 5 a 11 anos, os números sugerem interrupção de queda nos casos associados ao Covid-19 e aumento de casos associados a outros vírus respiratórios no mês de março.
Referente à semana epidemiológica analisada no período de 27 de março a 2 de abril, a investigação tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 4 de abril.
O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, observa que as taxas apresentam uma diminuição de casos de SRAG nos adultos, mas o vírus sincicial respiratório chama atenção com o aumento de infecções registradas.
“O estudo mostra, também, uma desaceleração gradual na taxa de queda de casos de SRAG entre a população adulta e entrada em regime de estabilidade. Em contrapartida, a contribuição dos casos associados ao VSR segue crescendo, atingindo 29,7% do total de casos com resultado laboratorial positivo para vírus respiratório entre os casos no mesmo período”, observou o pesquisador.
Entre os dias 2 de janeiro e 2 de abril de 2022, já foram notificados 107.478 casos de SRAG, sendo 60.895 (56,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 31.883 (29,7%) negativos, e ao menos 9.171 (8,5%) no aguardo do resultado laboratorial.
Dentre os casos positivos do ano corrente, 5,5% são Influenza A, 0,1% Influenza B, 3,9% vírus sincicial respiratório e 86,7% para Covid-19.
Panorama nos estados e capitais
Nas últimas seis semanas, 11 das 27 unidades federativas apresentaram sinal de crescimento de casos de SRAG: Acre, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima e Tocantins.
Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe apontam para estabilidade nas últimas seis semanas, enquanto as demais apresentam indícios de queda. Já nas últimas três semanas, apenas dois estados apresentaram um aumento de casos. São eles: São Paulo e Rio Grande do Sul.
Gomes ressalta que, tanto nos estados quanto nas capitais, esse crescimento é atribuído ao aumento de casos entre crianças e adolescentes, não na população adulta.
Também entre as capitais, os dados mostram que 13 das 27 capitais apresentam sinal de crescimento nas últimas seis semanas: Aracaju (SE), Belém (PA), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES). Em outras duas, se observa sinal de crescimento somente nas últimas três semanas: Curitiba (PR) e Manaus (AM).
Sob supervisão de Helena Vieira*