Ansiedade está ligada a ao menos 6 genes, diz maior estudo sobre o assunto
Pesquisa comparou dados de 200 mil veteranos norte-americanos. Resultados não explicam relação entre ansiedade e depressão ou outros distúrbios
Resultados do maior estudo sobre a genética da ansiedade foram divulgados recentemente no periódico científico American Journal of Psychiatry. A pesquisa comparou dados de 200 mil veteranos norte-americanos, chegando à conclusão de que existem ao menos seis variantes genéticas que interferem no desenvolimento da condição.
“Esse é o conjunto mais rico de resultados para a base genética da ansiedade até o momento”, disse Joel Gelernter, que fez parte da pesquisa, em comunicado. “Não houve explicação para a coexistência de ansiedade e depressão, ou outros distúrbios de saúde mental, mas aqui encontramos riscos genéticos específicos e compartilhados.”
Segundo os especialistas, algumas das variantes associadas à ansiedade já haviam sido identificadas como fatores de risco para outras doenças, a exemplos de transtorno bipolar, transtorno de estresse pós-traumático e esquizofrenia. “Embora existam muitos estudos sobre a base genética da depressão, pouco foi investigado sobre as variantes ligadas à ansiedade”, pontuou Murray Stein, um dos líderes do estudo.
Entre elas está a variação do gene MAD1L1, cuja função não é totalmente compreendida, mas já foi anteriormente associado a outros transtornos psiquiátricos. “Um dos objetivos dessa pesquisa é encontrar genes de risco importantes associados ao risco de muitos traços psiquiátricos e comportamentais para os quais não temos uma boa explicação”, destacou Dan Levey, um dos membros da equipe.
Os cientistas observaram que algumas variantes estão ligadas a genes que ajudam a comandar a atividade gênica, enquanto outros se relacionam ao funcionamento de receptores do hormônio sexual estrogênio. Isso pode ajudar os especialistas a compreender por que as mulheres têm mais que o dobro de probabilidade de sofrer de transtornos de ansiedade que os homens.
As descobertas também são especialmente importantes para a população negra: 18% dos DNAs estudados eram dessa parcela da população. “As minorias estão sub-representadas nos estudos genéticos, e a diversidade [do programa que usa dado dos veteramos] foi essencial para essa parte do projeto”, disse Levery, em declaração à imprensa. “Uma das variantes genéticas que identificamos ocorre apenas em indivíduos de ascendência africana e teria sido completamente perdida em cortes menos diversas.”