Youtuber bolsonarista expulso da PM pode ser impedido de disputar eleição em 2020
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O youtuber bolsonarista Gabriel Monteiro pode ser impedido de disputar eleições de 2020 para a Câmara Municipal do Rio, após ter sido expulso da Polícia Militar do Rio por deserção.
A Lei da Ficha Limpa, sancionada em 2010, torna inelegíveis por oito anos “os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial.
A decisão foi publicada no Boletim da PM desta terça-feira (4). Segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo, Gabriel era lotado no 34º BPM (Bangu) e faltou o serviço para o qual foi escalado no dia 22 de julho deste ano.
O youtuber permaneceu até o dia 31 sem dar qualquer satisfação sobre seu paradeiro à corporação e completou mais de oito dias de ausência, o que configura o crime de deserção previsto no artigo 187 do Código Penal Militar.
Em vídeo publicado na manhã desta quarta, Gabriel Monteiro negou ter desertado entre os dias 22 e 31 de julho e afirmou ter documentos que comprovam que estava dispensado do serviço por questões médicas.
O youtuber também afirmou que vai recorrer da expulsão, assinada pelo secretário da Polícia Militar, Rogério Figueiredo.
A candidatura de Gabriel Monteiro a vereador vem sendo articulada pelo grupo político do deputado estadual Filippe Poubel (PSL-RJ), que já empregou o policial em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Por ser policial da ativa, Monteiro não precisa estar filiado previamente a um partido para concorrer: basta apresentar seu nome no período das convenções partidárias, entre o fim de agosto e o começo de setembro.
Ainda de acordo com O Globo, advogados eleitorais avaliaram que, caso a expulsão da PM se confirme, Monteiro estaria sujeito a ser declarado “ficha suja” e, portanto, impedido de concorrer. Mas a legislação abre uma brecha, caso o ato da expulsão seja “suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário”.
Desde março deste ano, Monteiro já respondia a um processo administrativo disciplinar, ocasião em que teve o porte de arma suspenso. O soldado foi acusado de constranger e veicular indevidamente a imagem do ex-comandante da PM Ibis Pereira, hoje assessor parlamentar do PSOL.
O canal de Gabriel Monteiro no Youtube tem mais de 2 milhões de inscritos e se popularizou com vídeos em que procura constranger defensores de bandeiras como o feminismo, o antifascismo e a descriminalização do aborto e das drogas.
A preocupação com a possibilidade de se tornar inelegível começou nessa época. Por isso, Gabriel Monteiro esteve em Brasília para se reunir com deputados e senadores bolsonaristas e da bancada da bala. Na ocasião, teria ouvido promessas de apoio dos parlamentares, que se comprometeram a interceder para evitar sua expulsão da PM.
O processo administrativo acabou suspenso em março, em meio à pandemia do coronavírus, e Gabriel Monteiro retornou às atividades no batalhão.
Antes de alegar a licença por questões médicas, no fim de julho, o PM chegou a ficar afastado por 14 dias do trabalhos em maio por suspeita de covid-19.