União de Regina Duarte com Bolsonaro divide opiniões de artistas
A atriz Regina Duarte decidiu aceitar, nesta segunda-feira 20, o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir a Secretaria de Cultura. A global, no entanto, disse que fará um teste em Brasília para ver se realmente fica com o cargo, situação que ela mesma classificou como um “noivado”. Bolsonaro decidiu ir pessoalmente até o Rio de Janeiro para convencer a atriz a aceitar seu convite de assumir o cargo no lugar de Roberto Alvim, que, na quinta-feira 16, publicou um vídeo nas redes do governo com referências nazistas.
“Quero que seja uma gestão para pacificar a relação da classe com o governo. Sou apoiadora deste governo desde sempre e pertenço a classe artística desde os 14 anos”, afirmou a atriz ao anunciar o “noivado”.
Assim que a notícia foi divulgada, diversas personalidades se manifestaram sobre a nova Secretária de Cultura do Brasil. Gilberto Gil, que foi ministro da Cultura no governo Lula, diz que a atriz deve ver a cultura no Brasil como veem a “bela figura dela”. Já Ana de Hollanda, que foi ministra da Cultura no governo de Dilma, se disse assustada sobre a falta de posicionamento de Regina Duarte sobre declarações do presidente Bolsonaro —entre defesas à censura e declarações homofóbicas.
O cineasta José Padilha resolveu não comentar sobre a indicação da atriz. “A gente já sabe quem o Bolsonaro é. Então não é surpresa. E não vou comentar sobre a Regina Duarte, porque ela também já sabe quem o Bolsonaro é”, disse.
A própria Globo, canal com quem a atriz mantém contrato há 50 anos, se posicionou sobre o fato. “A atriz Regina Duarte tem contrato vigente com a Globo e sabe que, se optar por assumir cargo público, deve pedir a suspensão de seu vínculo com a emissora, como impõe a nossa política interna de conhecimento de todos os colaboradores”, informou a emissora em nota, no meio da tarde.
Seu par na novela Roque Santeiro, o ator Lima Duarte declarou à colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, que está otimista com a ida de Regina Duarte para a pasta de Cultura e acrescentou que a união dela com Bolsonaro “é perfeita para o Brasil de hoje: Sinhozinho Malta na Presidência e Viúva Porcina na Cultura”, disse, remetendo aos personagens dos dois na novela de 1985.
“Claro que é um Sinhozinho Malta, modéstia à parte, sem o charme do próprio. Bolsonaro e charme são duas coisas incompatíveis”, ponderou o ator. “Sem o charme, mas com todo o resto [das características]”, acrescentou Lima, relembrando o personagem, um coronel de uma cidade fictícia do interior do Brasil.
Já o ator global José de Abreu, que sempre criticou o governo de Jair Bolsonaro, foi contra a indicação da atriz.
Breking Faking News: Regina Duarte exige a recriação do Ministério da Cultura para participar do governo. “Sempre fui a protagonista, não será agora que vou ser a secretária. Quase não tem fala!”
Breking Faking News: Regina Duarte exige a recriação do Ministério da Cultura para participar do governo. “Sempre fui a protagonista, não será agora que vou ser a secretária. Quase não tem fala!”
— José de Abreu (@zehdeabreu) 20 de janeiro de 2020
O PSDB, por sua vez, se posicionou a favor de sua indicação. O partido, que antes de Bolsonaro contava com o apoio de Regina, até brincou dizendo que, se fosse o PT no governo, José de Abreu seria o ministro. Na sequência, o perfil oficial do partido desejou sorte à atriz.
Desejamos toda sorte e bom trabalho à grande atriz Regina Duarte.
— PSDB (@PSDBoficial) 20 de janeiro de 2020
Por fim, o ex-ator e atual deputado federal Alexandre Frota (PSDB/SP) disse que Regina vai se decepcionar com o governo Bolsonaro.
Regina Duarte diz “sim” a Bolsonaro. Outra que será enganada por esse cara e com detalhe ela não sabe a bandidagem que está instalada na Cultura . – https://t.co/hCyhJ7YLNr
— Alexandre Frota 77 (@alefrota77) 20 de janeiro de 2020