Supla critica governo Bolsonaro: ‘Sinto o Brasil meio largado’
Supla pode ter um jeito todo irreverente, mas não se engane, pois ele é muito bem informado e tem ideias claras de qualquer assunto que seja. Apesar de seu bate-papo preferido ser sobre música, ele não foge da conversa quando o assunto vai para os lados do governo brasileiro.
Com pais que estão na política “desde sempre”, já que é filho de Eduardo Suplicy, ex-Senador e atual Vereador por São Paulo, e Marta Suplicy, que já foi Deputada, Senadora e Prefeita de São Paulo, Supla entende bastante do assunto e, em conversa com o OFuxico, revelou que não está nada feliz com o que vê no Brasil atual.
Infelizmente, o que a gente está vivendo é uma coisa muito triste. Brasileiro contra brasileiro, eu sinto o Brasil meio largado. Acho que o presidente que entrou teve uma oportunidade, principalmente na pandemia, que é nessa hora que você pode mostrar que está ali, que está forte”, começou.
O cantor ainda citou as frases polêmicas que Jair Bolsonaro disparou durante a pandemia, principalmente quando chamou a Covid-19, que já matou 672 mil pessoas, de “gripezinha”.
“Você tem que se mostrar pronto para a situação, forte, e não que você está achando que é uma gripezinha, mas sim que é uma coisa séria. Para as pessoas que perderam seus parentes, quando escutam uma coisa dessas, é desagradável, não é uma coisa que a gente quer escutar de um presidente ou de qualquer outra pessoa, sabe? Para mim, ele jogou errado nesse ponto”, salientou.
Supla acredita que o Brasil só irá progredir quando o investimento em educação for o principal foco de um governo, seja ele qual for.
“O Brasil só vai sair para um progresso, quando conseguir dar educação para as pessoas e as coisas que eu leio é que não tem nenhum projeto de melhora, então até me pergunto: Será que a imprensa é totalmente contra o Bolsonaro mesmo? Porque eu não vejo as pessoas falarem dos projetos para melhorar isso”.
E acrescentou: “Sem contar, olha, eu não estou na Amazônia, mas as coisas que eu leio me deixam muito triste de ver. Não sei se a imprensa que não está do lado dele (Bolsonaro) e as coisas que falam que ocorrem na Amazônia, acho que eles deviam estar determinando o que se pode fazer ou não. Aí, eu escuto na imprensa sobre o avanço da matança, sobre o desmatamento, que teria sido o maior de todos os tempos. Eu não estou lá, mas pelo que leio, eu acho um absurdo. Pensem bem em quem vocês vão votar”.
Apesar das críticas ao governo atual de Bolsonaro, Supla deixou claro que não é uma pessoa que defende “esquerda ou direita”, mas vai pelo bom senso das coisas que ele pensa serem necessárias à população.
“Eu fico triste por ver brasileiro contra brasileiro. O próprio Bolsonaro foi eleito pelas urnas, teve a oportunidade dele. Na pandemia, dificultou demais a economia, como que não? Mas ele também não se ajudou muito, né? Eu não estou preocupado se é esquerda ou direita, ou se um artista disse uma coisa ou disse outra. Eu tenho minha opinião e vou pelo bom senso das coisas que sei. E pelo que leio não estou gostando nada do jeito que as coisas estão indo no nosso Brasil. O engraçado é que todo mundo quer as mesmas coisas, que é uma vida digna, poder andar pelas próprias pernas, mas não é isso que está acontecendo. O salário mínimo R$ 1,2 mil. Tá dando para viver com isso? É muito difícil pelo preço que estão as coisas e o combustível? Um absurdo. Então, isso é meio reflexo de como as coisas estão sendo governadas”, lamentou.
Com essa visão política sempre pensando no bem da população, o artista ainda contou que teve diversas oportunidades de entrar na política, mas, mesmo assim, ainda não se sentiu à vontade para isso.
“Eu tive várias oportunidades de ter entrado na política pelo meu nome, por ser famoso como músico, eu sinto bastante amor das pessoas e não entrei nesse campo. Me convidaram de uma certa forma, teve pensamento, mas todo ano que tem eleição, pelos meus pais políticos, sempre vem um convite para ingressar, mas eu já faço minha política do jeito que eu faço. Talvez hoje seria importante, mas quero responder do jeito que eu faço minha política, por meio da música. Eu respondo por meio da música. Tanto que eu fiz a música, ‘Eles querem que eu seja um político’, que foi mais para dar uma resposta mesmo, mas eu acho fascinante, porque política mexe com a conta do povo”, afirmou.
Supla ainda revelou que o assunto já foi tema de uma conversa entre ele e o pai, mas que Eduardo Suplicy afirmou que o filho já faz a “política dele”.
“Uma vez eu estava conversando com meu pai sobre isso (entrar na política) e ele me falou: ‘O que você já inspira de gente, mandando suas mensagens, as coisas que você pensa nas suas músicas, você também já está ajudando bastante’”, disse, lembrando que muitas vezes pega “rebarba da política” com seus haters.
“Aí, eu vou ver o porquê dessa raiva comigo e normalmente é ligado à política. É o cara com a bandeira do Brasil, Bolsonaro 2022, então, eu sempre pego uma rebarba da política, mas já estou acostumado com isso”, finalizou.