Substituição de CEO da Petrobras (PETR4) é discutida no governo, diz Reuters; ações perdem força e fecham quase estáveis

O Palácio do Planalto disse que não procede a informação sobre a substituição do CEO; a Petrobras não comentou o assunto imediatamente

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Integrantes do governo brasileiro têm conversado sobre uma possível substituição do presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, já que estão descontentes com os rumos da empresa, e a relação do executivo com gente do alto escalão estaria ruim, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

As notícias sobre o tema rondaram as ações da Petrobras nos últimos dias. Os ativos da estatal, que operavam em alta durante a tarde, tiveram piora após a publicação da reportagem, por volta das 16h30 (horário de Brasília). No fechamento, os ativos PETR3 tiveram queda de 0,33%, a R$ 39,39, enquanto PETR4 subia 0,08%, a R$ 36,74.

O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estaria satisfeito com a atuação do CEO da estatal em alguns pontos. Lula pediu a Prates mudanças no plano de investimento da Petrobras em reunião neste mês, conforme reportou a Reuters com base em fontes com conhecimento do assunto, na última sexta-feira.

O plano de investimento está em elaboração com previsão de ser divulgado ainda este mês, mas antes disso Prates deverá ser chamado a Brasília nesta semana, após voltar de uma viagem de negócios pela Europa, segundo uma das fontes.

Lula quer mais contratações no Brasil para a construção de embarcações que serão usadas pela Petrobras, para que a empresa colabore com uma maior geração de empregos no país. Além disso, o presidente defende que a estatal retome antes obras do setor de fertilizantes, produto que o Brasil tem ampla dependência de importações, embora seja uma potência agrícola.

“Deve haver mudanças” na presidência da Petrobras, disse nesta segunda-feira uma fonte à Reuters.

Uma segunda fonte próxima das discussões, que também falou na condição de anonimato, acredita que Prates deverá ser substituído em algum momento, mas ainda não há substituto pronto para assumir o posto.

O Palácio do Planalto disse que não procede a informação sobre a substituição do CEO. A Petrobras não comentou o assunto imediatamente.

Nesta segunda-feira, o jornal O Globo publicou que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, vai apresentar nesta semana a Lula uma sugestão de substituto para Prates, “com quem vem travando uma guerra interna no governo já há alguns meses”.

Costa gostaria de emplacar no lugar de Prates uma pessoa de confiança. Segundo o jornal, ela seria o secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Marcus Cavalcanti, que foi secretário de Infraestrutura da Bahia em sua gestão como governador do Estado.

Em resposta à reportagem de O Globo, Costa disse na rede social X que as informações citadas em seu nome na matéria “não são verdadeiras”.

“Apesar de ser citado nesta matéria, quero informar que não fui procurado e nem ouvido antes da publicação”, disse ele.

Em relatório mais cedo, o Bradesco BBI apontou que, se ocorrer uma mudança na alta administração da estatal, isso traria instabilidade às ações. “A atual gestão. tem conseguido equilibrar a governança interna da empresa e as pressões do governo”, afirma o banco.

A questão sobre os preços de combustíveis também tem gerado alguma tensão na relação de Prates com o governo.

Após o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, cobrar uma redução do preço de combustíveis, afirmando na GloboNews que “já está na hora de puxarmos de novo a orelha da Petrobras”, o CEO fez um post longo sobre o assunto na rede social X.

No final de semana, Prates afirmou que a Petrobras avançou com uma nova estratégia comercial que prioriza o não repasse da volatilidade do mercado internacional do petróleo.

Em determinado momento do post, Prates destacou que, “para que o MME (Ministério de Minas e Energia), órgão da União, possa orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente, será necessário seguir a Lei 13.303/16 e o Estatuto Social (art. 3o, parágrafo 4o e seguintes)”.

Ele citou que, pelas regras, para a União determinar preços mais baixos da Petrobras, uma série de medidas deveriam ser tomadas.

E afirmou que uma proposta de orientação da União deveria ser submetida ao Comitê de Investimentos e ao Comitê de Minoritários, “que avaliará se as condições a serem assumidas pela Petrobras requerem que a União compense a Petrobras pela diferença” de preços.

O BBI também comentou o assunto e afirmou que a Petrobras está correta ao seguir suas próprias práticas de governança. “A estatal poderia até baixar o preço dos combustíveis, mas estamos entrando em um período de inverno nos EUA com os menores estoques de diesel dos últimos 30 anos, o que poderia trazer volatilidade considerável no mercado internacional. Além disso, a redução dos preços devido a pressões políticas seria um mau sinal para a governança da Petrobras”, reforçou.

(com Reuters)

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