Sem opções, PL e MDB avaliam apoiar Alcolumbre na sucessão do Senado

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Diante do favoritismo de Davi Alcolumbre (União-AP) na sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no comando do Senado, os maiores partidos da Casa começam a rever estratégias e avaliam aderir à candidatura do parlamentar para não serem escanteados dos cargos. Duas das siglas que anunciaram a intenção de lançar concorrentes, o PL, com 12 senadores, e o MDB, com 11, enfrentam dificuldades para encontrar concorrentes viáveis.

As duas legendas, segunda e terceira maiores do Senado, entraram na disputa com Pacheco — o PL, em 2023, com Rogério Marinho (RN), e o MDB, em 2021, com Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento do governo Lula. Apesar da quantidade de senadores nos dois partidos, Alcolumbre obteve apoio interno nessas siglas. Uma ala da oposição ainda avalia lançar um candidato mais ligado ao bolsonarismo, como Tereza Cristina (PP-MS) ou Marinho. No entanto, tem crescido a avaliação de que é preciso compor.

Os presidentes do PL, Valdemar Costa Neto, e do PP, Ciro Nogueira, já sinalizaram apoio a Alcolumbre, que hoje é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), principal colegiado do Senado. Integrantes da oposição consideram que o saldo da última disputa com Pacheco em 2023 foi muito ruim, dado que o grupo ficou alijado das comissões e da Mesa Diretora da Casa.

 

Os senadores da oposição avaliam que apenas Renan Calheiros (MDB-AL) e Otto Alencar (PSD-BA) poderiam ter força para concorrer contra Alcolumbre. O entendimento do grupo, porém, é que os dois têm perfil muito governista e o ideal seria se somar ao senador do União Brasil para garantir a vitória de um parlamentar que, embora também seja da base, representaria distanciamento maior do Palácio do Planalto.

Ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira é um dos nomes da oposição que fala abertamente em apoiar Alcolumbre.

— Nós não vamos ter candidato, defendo que a oposição apoie o Alcolumbre — confirmou ao GLOBO Nogueira, para quem o senador do União Brasil vai precisar das siglas de oposição para se reeleger em 2027. — Conheço o Davi. No dia seguinte ele começa a campanha dele para a reeleição, e uma coisa que é bem clara é que a direita vai ter a maioria em 2026 no Senado.

Entrada tardia

No PL, há integrantes próximos a Pacheco e Alcolumbre, como Marcos Rogério (RR), Romário (RJ) e Eduardo Gomes (TO). Rogério é o vice-presidente da CCJ. Foi ele quem relatou o marco temporal das terras indígenas, projeto de interesse da direita e que foi aprovado no Congresso com o apoio de Pacheco e Alcolumbre.

Inicialmente, PP, Republicanos e PL ficaram fora da presidência de todas as comissões permanentes da Casa. Mas, em junho, o Senado criou duas novas, e senadores do PL foram escolhidos para comandá-las. Romário passou a chefiar a Comissão de Esportes; Eduardo Gomes, a de Comunicação e Direito Digital.

Gomes também recebeu, por articulação de Pacheco, a relatoria do projeto que regulamenta a inteligência artificial. O senador do PL avalia votar em Alcolumbre, mas ressalva que o assunto não foi decidido por sua legenda.

— Tenho excelente relação com ele, mas primeiro ele tem que ser candidato.

Senadores da oposição afirmam ainda que estão dispostos a apoiar algum candidato de centro se houver compromisso de avançar com pautas caras à direita, como a definição de mandato para ministros do STF e a anistia para os condenados pelos ataques do 8 de janeiro.

— Não podemos disputar a eleição de novo para ficar fora de todas as comissões. Aí, praticamente ficamos limitados a votar sim ou não no plenário e sem poder de pautar as coisas que quem nos elegeu pede— afirmou Jorge Seif (PL-SC)

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