Problema à vista para Lula com a regulamentação dos apps de serviços

Entregadores e motoristas autônomos não se organizam em sindicatos e refutam proposta que o ministro do Trabalho levou às empresas de apps

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Lula transformou a regulamentação dos aplicativos de serviços em uma promessa de campanha com a esperança de que iria atrair para si o apoio de entregadores e motoristas, duas categorias difusas, sem vínculos partidários e que não se veem representadas pelos sindicatos tradicionais. A julgar pela proposta que será debatida a partir de segunda-feira (25/9), Lula terá um problema político para resolver.

Na última semana, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, propôs às empresas o pagamento de R$ 30 por hora trabalhada para motoristas e de R$ 17 para entregadores. O ministério está otimista e acredita que conseguirá fechar um acordo com as principais companhias e com os sindicatos na próxima semana, mas os trabalhadores autônomos refutam a proposta.

Associações de entregadores autônomos que participam das negociações no Ministério do Trabalho não abrem mão do pagamento de R$ 35 por hora logada, ou seja, a partir do momento que o trabalhador liga os apps. Nesta semana, grupos ligados a essas entidades usaram projeções em prédios e em automóveis para protestar em Brasília e em Nova York por uma remuneração justa para os trabalhadores de aplicativo.

Representantes do governo que participam do grupo de trabalho sobre os aplicativos têm reclamado da pressão exercida pelos autônomos fora do ambiente de negociações. Manifestações foram organizadas em frente ao Ministério do Trabalho no último dia 12 por associações que participam das conversas e, também, por lideranças que foram alijadas das negociações.

Houve confusão em frente ao ministério entre representantes dos motoristas que negociam com o governo e um dos líderes do protesto, o vereador Marlon Luz, do MDB de São Paulo. O político, conhecido como Marlon do Uber, não faz parte do grupo de trabalho e usa as redes sociais para fazer críticas aos sindicatos que participam das negociações.

O dia 12 era considerado uma data crucial para as conversas no ministério, mas nada foi decidido. Devido ao manifesto assinado com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Lula tem pressionado Marinho a fechar um acordo para ter algo que possa ser anunciado. Se conseguir definir o piso salarial, Marinho poderá centrar energia na questão da previdência dos trabalhadores, cujos termos não agradam nem aos sindicatos nem às empresas.

Já os autônomos prometem endurecer as reclamações contra o governo se a ideia for levada adiante.

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