Portugal diz que entregará Prêmio Camões a Chico Buarque
O ministério da Cultura de Portugal tenta ser diplomático após a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que só assinará o diploma do Prêmio Camões ao escritor Chico Buarque em dezembro de 2026. A premiação internacional é patrocinada conjuntamente por Portugal e pelo Brasil e o ministério da Cultura português disse à RFI nesta quarta-feira (9) que “a cerimônia de entrega acontece em 2020, em Portugal”.
A assessora de imprensa do ministério da Cultura português, Rita Guerra, repete a mesma informação aos inúmeros jornalistas que não pararam de ligar à instituição nesta quarta-feira em busca de informações. Como a reunião de escolha do escritor premiado de 2019 aconteceu no Rio de Janeiro, manda a regra que a cerimônia de entrega do Prêmio Camões aconteça em Portugal.
“Neste momento, estamos tentando encontrar uma data conveniente para todas as partes”, afirmou Rita Guerra. A data de abril de 2020, informada pela imprensa brasileira, foi uma indicação inicial de Chico Buarque, mas ainda não foi confirmada. A assessora do ministério da Cultura não quis falar mais nada, mas deu a entender que a não assinatura do diploma pelo presidente Jair Bolsonaro não impediria a realização da cerimônia.
Chico comemorou
O presidente brasileiro não esconde seu desafeto com Chico Burque, um dos defensores dos governos do PT, militante pela libertação do ex-presidente Lula e crítico ao governo de Bolsonaro.
O escritor e compositor de esquerda não se abalou com a ameaça do presidente, muito pelo contrário. “A não assinatura de Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prêmio Camões”, declarou Chico Buarque em sua conta no Instagram.
O Prêmio Camões de Literatura é o mais importante da língua portuguesa. Ele foi instituído em 1988 pelos governos português e brasileiro, mas recompensa também autores de Angola, São Tome e Príncipe, Moçambique, Guiné Bissau ou Timor Oriental. A cada ano um escritor lusófono é consagrado pelo conjunto de sua obra.
O anúncio do prêmio a Chico Buarque foi feito em maio deste ano. Ele foi escolhido por um júri formado por Antônio Carlos Hohlfeldt e Antônio Cicero Correia Lima pelo Brasil; Clara Rowland e Manuel Frias Martins por Portugal; Nataniel Ngomane por Moçambique e Ana Paula Tavares por Angola.
Além do diploma, simbólico, o Camões oferece € 100 mil ao vencedor, cerca de R$ 447 mil. A recompensa é dividida entre os governos português e brasileiro. Portugal já depositou seus 50% e o Brasil teria depositado sua parte em junho deste ano.
As informações são da RFI.