Políticos cobram no STF divulgação de vídeo de reunião ministerial em que Bolsonaro defende troca na PF
Parlamentares e partidos entraram com ação no Supremo Tribunal Federal para que seja divulgada a íntegra do conteúdo da gravação da reunião de ministros em que o presidente Jair Bolsonaro admite que quer interferir na Polícia Federal para proteger familiares.
“É imperiosa a divulgação na íntegra do citado vídeo o mais rápido possível, a fim de que a sociedade possa livremente deliberar sobre os fatos ali expostos”, afirma o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor de um dos pedidos.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) defende que é um direito da sociedade saber o que realmente foi dito na reunião.
“O presidente está sob suspeição até que se apure o caso. Se forem verdade as acusações de que Bolsonaro teria cobrado a troca na Polícia Federal no Rio para proteger seus familiares, o presidente cometeu crime e deverá ser punido”, disse.
O vídeo foi exibido, nesta terça-feira (12), na Polícia Federal. Na reunião do conselho de ministros do último dia 22 de abril, o presidente defendeu trocas no comando da PF do Rio para evitar que familiares e amigos seus fossem “prejudicados” por investigações em curso.
Ao falar com jornalistas agora há pouco em frente ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro disse que a gravação da reunião ministerial deveria ter sido “destruída”.
“A fita era para ser, inclusive, destruída. Após aproveitar algumas imagens para a divulgação. Não sei por que não foi”.
O cartão de gravação foi formatado, o que levou o ministro do STF Celso de Mello a cobrar a entrega do vídeo, sob ameaça de decretar busca e apreensão no Planalto. A Assessoria Especial da Presidência havia feito o backup.
A exibição do vídeo já gerou mudanças no Planalto. Bolsonaro também informou que a reunião ministerial que aconteceu hoje não foi gravada.
“Não creio que nada mais surpreenda a República acostumada com manifestações impróprias do presidente e de alguns de seus ministros. O escândalo já ganhou ar de normalidade, infelizmente”, afirmou o senador Major Olímpio (PSL-SP), que também defende a divulgação do vídeo.
O PT e o PSOL adiantaram que estudam também apresentar novo pedido de impeachment contra Bolsonaro com base no vídeo da reunião ministerial.