Nossa tática vai ser apontar crimes cometidos por ruralistas, defende deputada sobre CPI do MST
Começam nesta terça-feira (23) as movimentações da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar possíveis crimes do Movimento Sem Terra. Com relatoria do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (PL-SP), a Câmara dos Deputados apresenta o plano de trabalho da comissão hoje. Segundo a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), o desafio maior da base do governo é ofuscar a possível meta do bolsonarista e aliados da Bancada Ruralista: desviar a atenção de crimes antidemocráticos.
“Nossos desafios têm a ver com a nossa composição. Nós somos de fato minoria nessa CPI, e eles a propuseram para desviar o foco dos reais crimes contra o país que foram cometidos pelo [ex-presidente Jair] Bolsonaro, nesse contexto que semanalmente ele presta contas para a Justiça e para a Polícia Federal”, alerta Sâmia, que lembra que adiciona à estratégia da oposição a abertura da Comissão nas vésperas da CPMI que vai investigar atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Conforme já falou a parlamentar, o regimento impediria Salles de ‘relatar matéria quando há interesses pessoais envolvidos’, relembrando que o mesmo liderou campanha contra o MST na campanha eleitoral em 2018.
“A nossa tática vai ser apontar as contradições e os crimes no campo cometidos pelos ruralistas, que são membros ou financiadores de deputados membros desta CPI, crimes que eles cometem contra o Meio Ambiente, contra os Povos Indígenas, além de crimes que eles cometem contra a legislação brasileira, à medida que cometem grilagem, trabalho escravo e tantos outros que são a realidade do campo hoje no Brasil”, defende a deputada do PSOL.
Além de situar a CPI em crimes cometidos por ruralistas, Sâmia defende trazer o debate da Reforma Agrária e suas contribuições. “À medida em que produzir alimentos saudáveis, livres de agrotóxico, a agricultura familiar pode ser uma excelente estratégia para combater a fome que assola mais de 30 milhões de pessoas no Brasil”, finaliza.
Apresentação de trabalhos
Com início previsto para as 14h desta terça-feira, a apresentação de trabalhos da CPI do MST já contou com maiores embates, após o deputado Éder Mauro (PL-BA) chamar integrantes do Movimento de ‘marginais’. Sâmia, ao lado da deputada Talíria Pretone (PSOL-RJ), se manifestou contra a fala do parlamentar. Assista aqui a transmissão ao vivo.
Nessa etapa da CPI, o plano de trabalho discute os primeiros requerimentos, tanto de convocação de testemunhas, ministros, membros do movimento, requerimentos de informação – documentos oficiais das instituições – e também algumas diligências, com visitas de membros da CPI a alguns territórios.