Moro é cobrado por “descuido” na Lava Jato e plateia aplaude
Advogado Augusto Botelho perguntou ao ex-juiz sobre possível crime por ter sugerido testemunha a Deltan Dallagnol
O ex-juiz Sergio Moro enfrentou uma plateia crítica na sua participação em um evento de brasileiros nos Estados Unidos no sábado (9.abr.2022).
O público que antes o aplaudia agora saudou uma pergunta sobre eventual erro (o entrevistador chegou a usar a expressão “crime”) durante a operação Lava Jato. Hoje, Moro é político filiado ao União Brasil.
O questionamento foi sobre Moro ter indicado uma testemunha ao procurador Deltan Dallagnol quando era juiz da Lava Jato. Quem fez a pergunta foi o advogado Augusto de Arruda Botelho, crítico da operação, ex-analista da CNN Brasil e que se filiou ao PSB junto com Geraldo Alckmin.
Eis o trecho em que Moro é pressionado por Augusto Botelho (7min45s):
O motivo da pergunta foi diálogo por mensagens de celular revelado pelo site The Intercept Brasil em 2019 –a série de reportagens ficou conhecida como Vaza Jato. Depois de comunicar a Moro que a testemunha indicada por ele não quis falar por telefone, Deltan afirma que faria uma intimação com base em “notícia apócrifa”. O então juiz consentiu: “Melhor formalizar”.
“Não é uma conversa, com todo respeito, cotidiana entre advogados, juízes e partes”, declarou Botelho durante o evento. “No momento em que o senhor indica uma testemunha para o Deltan o senhor chamou isso de descuido”, disse.
“Isso aqui é uma falsidade ideológica [dizer que a testemunha foi citada de forma apócrifa em vez de por Moro]. O senhor não só não repreendeu o procurador como concordou. O que faz, com imenso respeito a senhor, quase que coautor do crime de falsidade ideológica. O senhor acha essa conversa normal?”, pergunta Botelho –e o público aplaude.