Lira diz que falou a Luis Miranda para tornar pública denúncia sobre Covaxin

Presidente da Câmara afirma que foi procurado pelo deputado federal, que apresentou denúncias sobre contrato do governo federal para aquisição do imunizante indiano. "Se você tem base e fundamento, denuncie, traga a público", orientou

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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quinta-feira (24/6) que foi consultado pelo deputado federal Luis Cláudio Miranda (DEM-DF) antes de o parlamentar divulgar denúncias envolvendo o contrato do governo federal de R$ 1,6 bilhão para aquisição de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech, representado no Brasil pela empresa Precisa Medicamentos.

“(Disse a ele que) ‘Se você tem base de fundamento e tem uma notícia séria dessa partindo do seu irmão, como participante ou não, denuncie, traga a público. Porque quem tiver feito alguma coisa de errado, está pego, vai pagar. Agora, todo ato tem consequência. O parlamentar tem que saber que a sua voz é uma voz de representação popular, tem que ter muita coerência no que fala, porque eu não tenho dúvida de que isso causou ontem muito barulho. A CPI (da Covid) vai querer ouvi-lo e ele vai ter que explicar para os órgãos de controle. É uma notícia de março, nós estamos em junho. Mas todo fato tem que ser elucidado”, disse.

Lira ainda afirmou: “A minha recomendação foi clara: ‘Se o senhor tem alguma coisa que enseja dúvida, que tenha ar de ilegalidade, denuncie para que seja apurado’”. A afirmação foi feita pelo presidente da Câmara em entrevista transmitida ao vivo pelo site Jota.

Nesta semana, foi publicizada um depoimento do irmão do deputado, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, à procuradora da República do Distrito Federal Luciana Loureiro Oliveira, relatando que havia “pressões anormais” por parte de superiores no ministério para resolver entraves em relação à importação da vacina indiana.

A CPI do Senado, então, decidiu ouvir o servidor. O deputado, por sua vez, entrou em contato com a comissão e disse que queria ser ouvido com o irmão. Ambos irão prestar depoimento aos senadores na próxima sexta-feira (25). Em entrevistas, o parlamentar afirmou que avisou o presidente Jair Bolsonaro no final de março sobre as suspeitas e a pressão sofrida pelo irmão.

O principal problema identificado pelo servidor do ministério seria o pagamento antecipado de parte do valor do contrato a uma terceira empresa, sediada em Singapura, chamada Madison Biotech. O valor desse pagamento é de US$ 45 milhões, segundo documento enviado à reportagem.

Ao Correio, o deputado reforçou ter se encontrado pessoalmente com o presidente Jair Bolsonaro para explicitar as contradições nos contratos e afirmou que manteve contato com membros do gabinete, insistindo na suspeita de corrupção no âmbito das negociações entre a Covaxin e o Ministério da Saúde. “Tudo o que eu falei e o que meu irmão falou são documentos que, inclusive, constam nos arquivos do Ministério da Saúde”, disse.

Lira afirmou que na última segunda-feira (21), o deputado enviou a ele uma mensagem pelo aplicativo Whatsapp. “Está aqui no meu celular, graças a Deus. (Enviou) uma reportagem do G1 tratando desse assunto — que não é um assunto novo, já esta sendo investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal — e ele me traz esse assunto dizendo que queria falar comigo”, pontuou.

Segundo o presidente da Câmara, Miranda disse que “a bomba atômica era o irmão dele”. “Aí eu não entendi se era um amigo muito próximo que ele considerava irmão ou se era irmão mesmo. (Perguntei) ‘O rapaz é seu irmão?’ Ele disse ‘Sim, é meu irmão e eu sei tudo sobre o caso. Aí, eu disse: ‘Se você sabe e se tiver algo errado, detone, traga a público”, explicou.

Conforme Lira, Luis Miranda disse que queria falar com ele antecipadamente, a que o presidente questionou o motivo. “Não sou Ministério Público, não sou Policia Federal, não sou ministro da Saúde, ou Poder Executivo”, disse Lira, reproduzindo fala feita ao colega parlamentar.

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Fonte correiobraziliense
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