Lelis diz que período fora da política foi importante para se reciclar: “Nunca estive tão preparado como estou para assumir a Prefeitura”
Em uma entrevista ao site Conexão Tocantins, o pré-candidato a prefeito de Palmas/TO, Marcelo Lelis (PV), que foi condenado em 2013 a 8 anos de inelegibilidade a partir de outubro de 2012, mas que estará apto para concorrer nas eleições do dia 15 de novembro, fala sobre suas expectativas.
Lelis afirma que sua ideia é abrir diálogo com todos, independente de partido, desde que as pessoas que o procurem entendam seu novo momento. Nesta entrevista, o político ainda conta como foi sua vida enquanto esteve longe da vida pública e sobre o sonho de ser eleito para ocupar a principal cadeira do Executivo da Capital, a cidade que, segundo ele, se tornou uma das paixões da sua vida.
Conexão Tocantins – Uma decisão judicial de Primeira Instância, em agosto de 2013, e posteriormente confirmada pelo TSE o condenou por 8 anos de inelegibilidade a partir de outubro de 2012. Com o adiamento das eleições deste ano, para novembro, o senhor está definitivamente de volta ao jogo. Como é voltar à cena política, como pré-candidato, após todo esse tempo sem ocupar nenhum mandato eletivo?
Marcelo Lelis – Na minha vida pública fui secretário por 12 anos, vereador por 2 anos e deputado por 8 anos. E não existe nada e não respondo nenhum processo por corrupção na minha vida pública, não tem nada, nem o desvio de uma caneta sequer. No entanto, veio a campanha de 2012 e eu informei ao TRE quanto eu iria gastar, esse teto de gastos foi autorizado pelo TRE. Pedi a eleição, peguei as contas da campanha que eu perdi e encaminhei para o Tribunal Regional Eleitoral, o tribunal aprovou minhas contas sem ressalva. Depois numa ação movida por um partido de oposição a mim, o tribunal reconsiderou e achou que eu tinha gasto muito com gasolina na campanha de 2012. Eu não vou citar nomes, mas sei exatamente de que forma aconteceu e como aconteceu e ainda os motivos por trás desse julgamento, que eram me afastar da vida pública. Bom, não estou aqui julgando a Justiça Eleitoral, eu sei quais são as peças que foram movidas o fato é que não fiquei me lamentando. Usei esse tempo fora da política como uma grande oportunidade para empreender e fazer coisas que há muito tempo não fazia na vida.
Construímos a pousada Aldeia da Serra em Taquaruçu, que é um empreendimento muito bem sucedido, que gera 38 empregos diretos. É uma empresa lucrativa e eficiente. Entrei também para o ciclismo, sempre fui esportista, mas usei também esse tempo para me dedicar à atividade física, ou seja, fiz desse tempo fora da política uma oportunidade imensa para me reinventar e estou em um momento muito feliz com a volta política.
Eu não pretendo disputar outros cargos eletivos, eu já dei minha contribuição para esses cargos. Eu estou voltando nesse momento para disputar a Prefeitura de Palmas. Hoje sou pré-candidato por um motivo básico, único, por paixão à cidade que eu moro. Sou um palmense apaixonado pela minha cidade e por esse motivo, estou voltando à política para colocar meu nome mais uma vez. Eu vou disputar pela terceira vez. Sempre fui muito bem votado, em 2008 tive uma votação expressiva, com 33% dos votos, 2012 tive 44% dos votos. Sou muito grato aos palmenses pela confiança que sempre depositaram em mim, mas volto agora pedindo essa chance. A chance de entregar a minha vida à cidade que eu tanto amo.
CT – Qual a lição que o senhor pode tirar depois de todo esse tempo no limbo? Teremos um Marcelo mais maduro?
Eu fiz desse tempo uma grande oportunidade, quando eu cheguei a Palmas há 28 anos, quando eu ainda tinha 22 anos, passei 12 anos na Prefeitura (de Palmas) plantando jardins, praças, árvores… Quando eu vejo os ipês floridos, eu lembro que foram nós que fizemos, eu fico muito honrado. A construção das praias, do Parque Cesamar, o Projeto AMA, Polo Turístico de Taquaruçu foram realizações que tiveram sob o meu comando nos 12 anos que passei na Prefeitura. Depois veio o tempo da política, o mandato de vereador, dois mandatos de deputado, as duas eleições que disputei para prefeito. Eu fui sendo formado ao longo desse tempo, aí veio esse período fora da política, que foi um momento muito importante na minha vida, onde eu pude me reciclar, me reinventar e fazer outras coisas. Então eu acho que tudo isso foi formando minha personalidade e meu preparo. Eu digo a você com certeza absoluta, que eu nunca estive tão preparado para uma missão, como estou para assumir a Prefeitura de Palmas a partir do próximo ano.
CT – Quais são os partidos com os quais o senhor está conversando nesta fase de pré-campanha e que poderão coligar em sua provável campanha?
Estamos conversando com todos os partidos sem restrição. Agora estamos colocando os nossos princípios e nossas respostas como a base para qualquer diálogo. Nós não vamos lotear a Prefeitura, não vamos distribuir secretarias. Nós estamos pautando nosso diálogo baseado em propostas e ideias, baseado na intenção das outras forças políticas de construir um projeto que vai entregar a Palmas um mandato eficiente a partir do próximo ano.
CT – O Partido Verde já definiu quando será a convenção para oficializar sua candidatura?
Estamos tomando essa decisão, mas deve ser no último dia legal do período de convenção.
CT – O senhor nasceu politicamente dentro do grupo Siqueirista e já concorreu à Prefeitura da Capital com apoio do ex-governador Siqueira Campos, posteriormente houve um afastamento. Como está essa relação hoje com o ex-governador e os siqueiristas? O senhor buscará o apoio da família nas eleições do dia 15 de novembro?
Éhh… Eu comecei minha vida política no grupo siqueirista depois da campanha de 2012 nós nos afastamos, mas fica um sentimento de respeito ao ex-governador por tudo que ele já fez pelo Estado do Tocantins, pela sua história. Isso é um sentimento que penso ser da grande maioria dos tocantinenses.
CT – Alguma possibilidade do senhor desistir de concorrer nas eleições e apoiar outro pré-candidato?
Eu estou dialogando com outras forças políticas e um diálogo, não pode ser uma via de mão simples, tem que ser uma via de mão dupla, você tem que estar aberto para apoiar e receber apoio. Eu não estou fechado a esse diálogo, mas é preciso que eu diga que esse projeto meu, esse projeto do partido com a Prefeitura de Palmas permeia toda a minha vida. Na verdade, quando eu faço um retrospecto, eu entrei na vida pública pensando em contribuir com essa cidade. Eu não sei se foi porque – acredito que tenha sido – eu cheguei aqui com 22 anos e a responsabilidade de fazer os jardins de Palmas em uma avenida que era árida, que plantava e três meses depois você passava naquela avenida e encontrava uma paisagem completamente diferente. Como eu era muito jovem, isso mexeu demais comigo. Não é um discurso de política, não é demagogia. Eu sou realmente apaixonado por Palmas. Eu acredito que é possível fazer uma gestão brilhante à frente da prefeitura. Eu acredito que é possível transformar muito nossa cidade para melhor, potencializando suas vocações. Tem coisas demais para a gente fazer. Hoje de manhã eu vim do Rodoshopping. O Rodoshopping é uma grande ferramenta para abertura de vagas de trabalho para nossa sociedade. Só estou te dando um exemplo, mas tem tanta coisa para fazermos que se eu fosse te falar, essa resposta ficaria longa demais. O fato é que eu tenho certeza absoluta que é possível entregar uma gestão de qualidade à essa cidade extraordinária que nós vivemos.
CT – O senhor já está trabalhando o planejamento da futura campanha? Quais estratégias deverá priorizar para o diálogo com os eleitores?
Eu estou trabalhando 24 horas por dia. Eu estou trabalhando demais, estamos trabalhando em várias frentes de preparação de toda logística da campanha, a parte de comunicação, jurídica, contábil, arregimentando nosso time de profissionais liberais, voluntários que tomaram a decisão de construir essa vitória junto conosco. Eu estou muito feliz com tudo que está acontecendo, a mil por hora. As estratégias do diálogo com os eleitores, eu estou fazendo as duas coisas com todo cuidado nas visitas presenciais misturando com o trabalho virtual muito forte também. Acho que está meio a meio o presencial e o virtual.
CT – O senhor já estruturou seu Plano de Governo, ou ainda não montou uma equipe para tal? Quais serão as principais bandeiras? Haverá algum projeto especial na área ambiental?
Estamos com o nosso protocolo 43, que é como a gente está denominando o Plano de Governo a todo vapor. A verdade é que está praticamente pronto e ele será construído com base em eixos que permeiam todas as nossas estratégias. Todas as nossas propostas são permeadas pela transparência, diálogo, tecnologia e criatividade. Essas quatro palavras estão permeando tudo que está em nosso protocolo 43. Um plano simples, moderno, objetivo, sem pirotecnia, um projeto claro para nossa cidade e mais do que isso, não será um plano de governo para ser engavetado. A maioria, para não dizer que quase todos planos de governo que eu já vi são peças publicitárias da campanha. Ele é protocolado no TRE e engavetado, nunca mais ninguém abre o plano de governo. Esse não! Esse será a bússola da nossa gestão.
CT – Qual sua opinião sobre a gestão da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB)? Em sua opinião, o que pode ser melhorado na administração do Executivo de Palmas?
É uma gestão difícil de ser avaliada. É uma gestão limitada em um espaço de tempo e com a pandemia, eu acho que é importante a gente avaliar como foi o desempenho dela durante a pandemia. Eu acho que a preparação para tudo que estava óbvio que iria acontecer, que é justamente o momento que nós estamos vivendo, não aconteceu da maneira que devia ter acontecido. A prefeitura recebeu recursos, poderia ter usado esses recursos para preparar os novos leitos, medicamentos, para que tudo isso ficasse muito bem preparado e isso não aconteceu e também não aconteceu o diálogo. Acho que uma das maiores ferramentas para enfrentar situações de crises extremas como uma pandemia é o diálogo. É ouvir as pessoas, ouvir o segmento da sociedade, ouvir todo mundo que está envolvido no problema, para que você tenha condições de errar menos. Eu acho que esse foi um ponto muito negativo nesse processo de enfrentamento da pandemia. Os empresários foram muito impactados. Eu sou empresário, eu estou do outro lado do balcão também. Os empresários praticamente não foram ouvidos, eles foram informados das decisões que impactaram muito suas atividades, seus negócios e a população em geral. Então é isso! Acho que é uma avaliação feita em um momento de crise com essas considerações que acabei de fazer.