Lava Jato não quis investigar fraude relatada por Cunha em processo de cassação
Procuradores da Operação Lava Jato decidiram não investigar uma denúncia de manipulação de escolha do relator do processo de cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ). O relato da fraude foi feito pelo próprio ex-deputado ao propor delação premiad, que o Ministério Público Federal não aceitou
O procurador da Lava Jato Orlando Martello mencionou supostas “bolas mais pesadas no sorteio da relatoria” do Conselho de Ética em mensagens do Telegram obtidas pelo site The Ingtercept, mas a denúncia não foi averiguada.
Pessoas ligadas a Cunha confirmaram que sua proposta de colaboração premiada com a Lava Jato incluía essa denúncia de fraude na escolha de relatores no Congresso.
Reportagem do UOL narra que em 1º de agosto de 2017, ao analisar documentos em que o ex-presidente da Câmara narrava a suposta fraude na relatoria, os procuradores da Lava Jato se impressionaram, de acordo com as mensagens e consideraram que se tratava de um “fato grave”, que “talvez não devesse ser sonegado da sociedade”.
Para juristas ouvidos pela reportagem a Lava Jato ao ignorar uma denúncia grave cometeu um crime, já que o Ministério Público não pode escolher o que investigar e o que não investigar.
As mensagens do aplicativo Telegram foram trocadas em um grupo chamado “Acordo Cunha”. Neles, participavam procuradores das forças-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Rio de Janeiro, Natal e na Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília. Também participavam investigadores da Operação Greenfield, em Brasília.
Acompanhe a reportagem do UOL