Kátia Abreu usa tribuna para se solidarizar com jornalista insultada por Bolsonaro

A senadora Kátia Abreu usou a tribuna do Senado nesta quarta-feira, 19, para sair em defesa da jornalista Patrícia Campos Mello, que foi o alvo de ataque do presidente Jair Bolsonaro

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A senadora Kátia Abreu usou a tribuna do Senado nesta quarta-feira, 19, para sair em defesa da jornalista Patrícia Campos Mello, repórter da Folha de S. Paulo, que foi alvo de ataque do presidente Jair Bolsonaro, na terça-feira, 18. A senadora pediu uma reflexão sobre o ocorrido. “Vim aqui como mulher, como mãe, como avó, como senadora da República deste país que eu tenho orgulho de representar o meu Tocantins, para me solidarizar com a jornalista”, disse a senadora.

Na sua pequena intervenção, ela ressaltou que as mulheres não podem rir nem aplaudir determinadas atitudes, segundo ela, por uma questão de brio e solidariedade, referindo ao comportamento de Bolsonaro. “Temos que defender nossas mulheres, que são nossas irmãs, amigas, companheiras, brasileiras cada uma delas, desde a mais pobre à mais rica merece ser tratada com dignidade e respeito pelas autoridades deste país” .

Kátia Abreu afirmou que não conhece a jornalista agredida pelo presidente da República, mas sim, a fama da sua competência. A senadora sustentou que, mesmo se Patrícia Campos não fosse competente e se ela não fizesse um bom trabalho como jornalista, “não podia passar pelo que está passando”.

A senadora tocantinense condenou a atitude de Bolsonaro em agredir uma profissional da comunicação estava no exercício da sua profissão, investigando em suas matérias, como tanta outras colegas de profissão.

Observou que, quando alguém fica com raiva de homem jornalista, “ninguém fala da sua moral ou de sua vida sexual, ninguém fala das suas coisas íntimas” . E questionou: por que da mulher todo mundo se vê no direito de querer ofender as questões pessoais? De que querer humilhá-la e desonrá-la?”.

Confira na íntegra a fala da senadora aqui.

Entenda

O presidente Jair Bolsonaro fez ofensas de teor sexual à repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, em uma entrevista coletiva que concedeu na manhã desta terça-feira, 18, em frente ao Palácio da Alvorada. Bolsonaro explorou uma informação falsa que um depoente prestou na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News para afirmar que a jornalista “queria dar o furo a qualquer preço contra mim”.

No jargão jornalístico, a expressão “dar o furo” significa publicar uma informação exclusiva antes de outros veículos. No caso, Bolsonaro fez menção ao depoimento que Hans River do Rio Nascimento deu à CPMI na semana passada. Ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows durante a campanha eleitoral de 2018, Hans River declarou que Patrícia procurava “um determinado tipo de matéria a troco de sexo”. Ele não apresentou nenhuma prova que corroborasse a afirmação.

Patrícia foi autora de uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, em dezembro de 2018, que denunciava a ação de uma rede de empresas, incluindo a Yacows, num esquema fraudulento de disparo de mensagens pelo aplicativo WhatsApp em favor de políticos.

Notas de Apoio

A Fundação Padre Anchieta – Rádio e TV Cultura veio a público reafirmar seu apoio à jornalista Patrícia Campos Mello, sua colaboradora, diante da repetição dos ataques abjetos de que tem sido vítima nos últimos dias. “Certamente as investidas são diretamente proporcionais à qualidade do trabalho que fez dela a jornalista mais premiada de sua geração, apontada como Personalidade do Ano de 2018, pela mais importante revista semanal do planeta, Time, exatamente como vítima de ameaças que são dirigidas a ela, mas também ao jornalismo e à democracia no Brasil. É uma pena que a agressão mais recente, de conotação sexual, tenha sido desferida pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, que assim desrespeita o cargo que exerce” diz em comunicado.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Observatório da Liberdade de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também emitiram nota, frisando que “os ataques aos jornalistas empreendidos pelo presidente são incompatíveis com os princípios da democracia, cuja saúde depende da livre circulação de informações e da fiscalização das autoridades pelos cidadãos” e que “as agressões cotidianas aos repórteres que buscam esclarecer os fatos em nome da sociedade são incompatíveis com o equilíbrio esperado de um presidente”.

A Comissão Nacional de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) foi outra instituição que se pronunciou. O grupo lembrou que “mais uma vez, Bolsonaro protagonizou um grave episódio de machismo, sexismo e misoginia”. “A Fenaj manifesta repúdio ao teor do pronunciamento do presidente e, junto com sua Comissão Nacional de Mulheres, coloca-se como incansável na tarefa de denunciar, tão sistemático quanto forem, os absurdos declarados por Jair Bolsonaro.”

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Fonte t1noticias
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