Kátia Abreu cobra esforço do Brasil por cessar-fogo na Ucrânia

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A presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), pediu mais empenho ao governo de Jair Bolsonaro (PL) em tratativas diplomáticas pelo fim do ataque da Rússia à Ucrânia.

“Não é nem minimamente aceitável que o chefe do governo do Brasil hesite no pedido de cessar-fogo”, disse a senadora em nota divulgada nesta 3ª feira (1º.mar.2022). Eis a íntegra (634 KB).

Nos últimos dias, na contramão da imensa maioria da comunidade internacional, Bolsonaro evitou criticar a Rússia de Vladimir Putin por iniciar a guerra no país vizinho e afirmou que ganhará o conflito “quem tem mais canhão”.

Também disse que as sanções econômicas que os Estados Unidos, a União Europeia e vários países impuseram à Rússia “dificilmente” prosperarão.

Os efeitos negativos das sanções são justamente o principal motivo para Kátia Abreu cobrar mais esforço do governo federal e do Itamaraty em defesa do fim do conflito.

Ela alertou que as restrições a transações financeiras e de mercadorias com a Rússia “terão inevitavelmente impacto considerável sobre a economia global e também sobre o Brasil”.

Mais inflação

A senadora disse que haverá deterioração do câmbio e aumento dos preços de combustíveis, de alimentos e de insumos e produtos em toda a cadeia do agronegócio.

Isso porque os riscos trazidos pelo conflito para o abastecimento de alguns segmentos de mercado vem fazendo dispararem os preços do barril de petróleo e de fertilizantes –a Rússia é uma das principais produtoras dessas mercadorias.

Segundo a senadora, o Brasil importou 41,6 milhões de toneladas de fertilizantes em 2021. A Rússia liderou a lista de fornecedores, com 9,27 milhões de toneladas.

“O setor produtivo agrícola será atingido, na medida em que o Brasil compra 20% dos fertilizantes do mercado russo, que correspondem a 65% do total das importações brasileiras da Rússia”, disse.

Kátia Abreu também afirmou ser “profundamente lamentável” que a guerra resulte em desrespeito humanitário, ameaças à economia e insegurança.

Disse, ainda, que outro impacto importante do conflito será no abastecimento do mercado brasileiro de trigo e seus derivados, “já que a Rússia é o maior produtor mundial desse cereal e a Ucrânia ocupa a 4ª posição”.

“Levando em conta que a safra de trigo da Argentina, tradicionalmente o maior exportador do grão para o Brasil, está comprometida pela seca, o Brasil terá dificuldade de importar esse cereal, o que deve elevar consideravelmente seu preço, com reflexos na inflação”, completou.