Hamas x Israel: veja quem são os principais diplomatas do Brasil nas negociações sobre o conflito
Representantes têm priorizado a repatriação de brasileiros e a aprovação de resolução no Conselho de Segurança da ONU que trate da formação de um corredor humanitário.
Desde o início deste mês, quando começou o conflito entre Israel e o Hamas, o governo do presidente Lula adotou duas linhas de atuação na diplomacia: a repatriação de brasileiros no Oriente Médio e a articulação de alguma medida no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
No caso da repatriação, foram envolvidos diplomatas em Brasília, Tel Aviv (Israel), Cairo (Egito) e Ramalah (Palestina), por exemplo.
Segundo o governo brasileiro, foram realizados oito voos de repatriação de brasileiros que estavam em Israel. No total, foram repatriados 1,4 mil brasileiros.
O governo também tenta resgatar um grupo de cerca de 30 brasileiros na Faixa de Gaza, o que ainda depende da abertura da fronteira com o Egito. Um avião da Força Aérea Brasileira está no Cairo reservado para a missão.
O Brasil comanda o Conselho de Segurança da ONU de forma temporária durante o mês de outubro. O país ocupa atualmente um dos chamados assentos não-permanentes do conselho.
A eventual aprovação de alguma medida no colegiado depende não só da maioria de votos entre os 15 membros, mas, também, do apoio dos cinco países com assento permanente – que têm direito a veto.
Mas quem são os diplomatas que atuam nessas frentes? O g1 lista abaixo os principais nomes:
- Mauro Vieira
- Celso Amorim
- Sérgio Danese
- Frederico Meyer
- Alessandro Candeas
- Paulino Neto
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira — Foto: Pedro França/Agência Senado
Atual chefe da diplomacia brasileira, Mauro Vieira comanda o Ministério das Relações Exteriores desde o início do ano, quando Lula tomou posse como presidente. Diplomata de carreira, também comandou o Itamaraty no governo Dilma Rousseff e trabalhou em embaixadas brasileiras em locais como Croácia, México, Uruguai e França.
Mauro Vieira tem dedicado a agenda deste mês de outubro a reuniões em Brasília, Nova York e até no Cairo, onde participou de uma cúpula convocada pelo governo local para discutir o conflito em Israel. Vieira também tem mantido contato com autoridades do próprio Egito e de países como França, Reino Unido.
Ex-chanceler Celso Amorim é assessor especial da Presidência — Foto: AGÊNCIA BRASIL
Também diplomata de carreira, Celso Amorim foi ministro das Relações Exteriores nos dois primeiros mandatos de Lula (2003-2010) e exerce atualmente a função de assessor especial de Lula para assuntos internacionais.
Desde o início do conflito em Israel, Amorim tem tido frequentes conversas com Lula e com representantes de outros governos, entre os quais assessores dos presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Rússia, Vladimir Putin. Geralmente, esses contatos antecedem conversas de Lula com os chefes de Estado.
Sérgio Danese, embaixador do Brasil na ONU — Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Sérgio Danese
Atual embaixador do Brasil nas Nações Unidas, Sérgio Danese é diplomata de carreira e já exerceu a função de secretário-geral do Itamaraty. Também atuou como embaixador brasileiro na Argentina, no Peru e na África do Sul.
Como o Brasil comanda atualmente o conselho da ONU, cabe a Danese, por exemplo, articular a votação de resoluções, fazer consultas aos demais países do grupo e informar a Mauro Vieira o andamento dos trabalhos.
A resolução apresentada pelo Brasil sobre o Oriente Médio previa, entre outros pontos, a criação de corredores humanitário. O texto obteve os votos favoráveis de 12 dos 15 integrantes do conselho, mas não foi aprovado porque os Estados Unidos vetaram. A tentativa brasileira foi elogiada por outros países.
Frederico Meyer, embaixador do Brasil em Israel — Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Frederico Meyer
Embaixador brasileiro em Israel indicado pelo governo Lula, Frederico Meyer é diplomata de carreira e já atuou em representações do país em Cuba e na China, por exemplo.
Coube a Meyer, por exemplo, articular em nome do governo brasileiro junto a autoridades israelenses a repatriação dos mais de 1,4 mil cidadãos que estavam no país e manifestaram interesse em retornar ao Brasil. A operação, que além do Itamaraty também reuniu a própria Presidência da República e a Força Aérea Brasileira (FAB), é considerada pelo governo a maior desse tipo na história do Brasil.
Alessandro Candeas, embaixador do Brasil na Palestina — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Alessandro Candeas
Embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas é diplomata de carreira e atuou, por exemplo, como assessor internacional do Ministério da Educação, foi professor no Instituto Rio Branco e escreveu um livro sobre as relações entre Brasil e Argentina.
Candeas tem sido o responsável por monitorar o grupo de brasileiros que está em Gaza e pediu ajuda do governo para retornar ao país.
A situação é diferente da de Israel. Isso porque esse grupo – formado por cerca de 30 pessoas – depende da abertura da fronteira com o Egito para poder embarcar num voo em direção ao Brasil.
A representação brasileira na Palestina tem fornecido água, comida e abrigo a essas pessoas, enquanto a fronteira não é aberta.
Paulino Neto, embaixador do Brasil no Cairo — Foto: Pedro França/Agência Senado
Paulino Neto
Diplomata de carreira, Paulino Neto é o atual embaixador do Brasil no Egito. Já atuou como secretário de Assuntos Multilaterais e Políticos e de Comunicação e Cultura do Itamaraty, além de ter sido embaixador em Angola.
Tem sido o responsável por manter contatos em nome do governo brasileiro com autoridades egípcias. O país faz fronteira com Gaza e Israel e é visto como a possibilidade de abertura de um corredor humanitário para que os civis possam deixar a zona de conflito. Até a publicação deste texto, não havia previsão de abertura da fronteira. Um avião da Força Aérea aguarda no Cairo a abertura para repatriar os brasileiros.