Governo estuda pressionar deputados pró-voto impresso a apoiar CPI sobre urnas
Planalto avaliou como positivo o resultado no plenário da Câmara, apesar da PEC ter sido rejeitada
No dia seguinte à derrota da PEC do Voto Impresso no plenário da Câmara, o governo começou a fazer um mapeamento dos 229 parlamentares que votaram a favor do texto. A ideia em debate é deflagrar uma operação para que eles assinem um requerimento de instalação da CPI das urnas eletrônicas.
No Palácio do Planalto, a avaliação nesta quarta-feira foi a de que o governo, apesar da derrota, obteve uma vitória ao conseguir a maioria dos votos na votação. A expectativa era de que eles não chegassem a 150 votos.
Integrantes do governo garantem que o Palácio do Planalto pouco operou para reverter votos tendo em vista a percepção da ala política que a derrota era um fato consumado e que o debate saiu da esfera política e virou um embate pessoal de Bolsonaro contra membros do judiciário.
Tanto que boa parte dos 229 votos é atribuída no governo a movimentação que as redes sociais bolsonaristas fizeram em favor da PEC, pressionando parlamentares a se posicionarem a favor do texto.
A tese da CPI, porém, ainda não é unânime dentro do governo. Primeiro porque a ala política avalia que o melhor é usar o resultado para tentar retomar o diálogo com o judiciário e apresentar demandas para que o sistema eletrônico de votação não deixe dúvidas de sua segurança. O TSE informou à CNN que desde o início do ano já trabalha em um pacote de medidas nesse sentido, como a ampliação de urnas a serem auditadas, a abertura do código-fonte e inovações no teste público de segurança.
Segundo porque a pressão pela abertura de uma CPI poderia abrir uma indisposição com o presidente da Câmara, Arthur Lira, a quem cabe a abertura após haver a assinatura de 171 deputados. Lira tem dito ter um acordo com Bolsonaro de que o enterro da PEC significaria o enterro do debate. Além disso, ele teria sinalizado também a ministros do STF que a PEC não passaria no plenário da Câmara. Ontem, conforme os votos iam virando pela PEC, teria sido ele o responsável para conter o crescimento e investido nas 61 abstenções. Questionado se fez esse movimento, Lira negou e disse que são “mentiras e ilações”.