Exército afasta Cid, mas mantém salário de R$ 27 mil a ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Instituição diz que o tenente-coronel vai ficar agregado ao Departamento-Geral do Pessoal sem ocupar cargo
O Exército informou neste domingo (10) que, atendendo à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, vai afastar o tenente-coronel Mauro Cid de suas funções.
A instituição diz que o ex-ajudante de ordens da Presidência vai ficar agregado ao Departamento-Geral do Pessoal sem ocupar cargo.
Mauro Cid deixou o Batalhão do Exército em Brasília na tarde deste sábado, 9, quatro meses após ser preso na Operação Verine — investigação sobre suposto peculato eletrônico com a inserção de dados falsos nos sistemas do SUS para a emissão de carteiras de vacinação fraudadas em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras pessoas.
A soltura foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, que, também neste sábado (9), homologou a delação premiada de Mauro Cid, que pode levar os investigadores a sanar lacunas e avançar nas apurações mais sensíveis que miram o ex-presidente Bolsonaro.
O ex-ajudante de ordens é peça central nos inquéritos que se debruçam sobre os ataques às urnas eletrônicas, os atos golpistas, as fraudes no cartão de vacinação do ex-chefe do Executivo e o suposto esquema de venda de joias e presentes entregues a Bolsonaro.
Cid deixou o cárcere, mas tem que cumprir uma série de medidas ordenadas por Moraes. No rol de restrições impostas ao tenente-coronel está seu afastamento do Exército. O militar está usando tornozeleira eletrônica, foi proibido de deixar o país e teve seu passaporte cancelado. Também não pode se comunicar com outros investigados nem usar as redes sociais.
Terá de se apresentar todas as segundas-feiras ao Juízo de Execuções de Brasília, a começar do próximo dia 11. Está proibido de deixar a capital federal, devendo ficar em recolhimento domiciliar durante as noites e os fins de semana. Também teve suspensos eventuais porte de armas e registro de CAC.
A liberação atende a um pedido da defesa de Cid. A avaliação do ministro Alexandre de Moraes foi de que a manutenção da prisão já não seria “adequada e proporcional”, considerando, especialmente, que o tenente-coronel já fez diversos depoimentos à Polícia Federal. O magistrado destacou especialmente três oitivas do ex-ajudante de ordens — dos dias 25 e 28 de agosto e do dia 1º de setembro. Segundo Moraes, os depoimentos esclareceram as provas obtidas anteriormente pela Polícia Federal.