Em crítica à Lava Jato, ex-presidente do STF diz que juízes viraram “justiceiros”
Ex-presidente do STF Cezar Peluso criticou os excessos cometidos por integrantes da Lava Jato, como revelado pelo site The Intercept, e disse que muitos juízes se tornaram “justiceiros”. “Vivi, como juiz, a ditadura militar e jamais me passou pela cabeça um juiz, a modo de justiceiro da Sacra Inquisição, exercer a função para realizar projetos político-ideológicos ou preconceitos de caráter pessoal”, disse. “Quando os juízes deixam de ser juízes e passam a ser justiceiros, estamos todos perdidos”, completou
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso, criticou os excessos cometidos por integrantes da Lava Jato, como revelado pelo site The Intercept, e disse que muitos juízes se tornaram “justiceiros”. “Vivi, como juiz, a ditadura militar e jamais me passou pela cabeça um juiz, a modo de justiceiro da Sacra Inquisição, exercer a função para realizar projetos político-ideológicos ou preconceitos de caráter pessoal”, disse o jurista durante um evento em Campos do Jordão (SP). “Quando os juízes deixam de ser juízes e passam a ser justiceiros, estamos todos perdidos”, completou
Peluso também condenou o uso de certos mecanismos ela Lava Jato, como as conduções coercitivas para a tomada de depoimento , o que, segundo ele, “põe em jogo a ilegalidade [das decisões] porque o fim útil justifica qualquer atividade.” Para ele, o “messianismo” demonstrado por parte do Judiciário deve ser combatido. “Quando o juiz é incapaz de conhecer limites, ele não quer saber nada, o futuro tem de ser encontrado de qualquer jeito. Foi escolhido por Deus para mudar a ordem jurídica do país”, disse.
Peluso criticou indiretamente o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao afirmar “alguns juízes descobrem que é mais importante estar na mídia do que qualquer outra coisa. Alguns até descobrem sua verdadeira vocação, largam o Judiciário e vão cuidar de outra coisa”. “[O juiz tem de] ser recatado, não tem de tentar projetar sua imagem na mídia social, porque isso já é um fator que concorre para ele deixar de ser juiz. Esta é uma das vertentes da disfuncionalidade do Judiciário”, observou.
Ainda segundo ele, a Lava Jato se tornou uma espécie “metáfora do país”, que não pode jamais ser questionada. “Já é mais do que uma instituição, é a própria imagem do país. Quem é contra os excessos da Lava Jato não respeita o país”, comentou. “Isso acarreta, como não podia deixar de ser, uma série de problemas graves”, emendou.