Dilma Rousseff desafia o general Villas Bôas: diga quem são os parlamentares de esquerda que sondaram sobre estado de emergência

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Em nota divulgada neste domingo, a ex-presidente Dilma Rousseff vai direto ao ponto: o general da reserva Eduardo Villas Boâs deve explicações ao país depois de dizer que foi sondado por dois parlamentares de partidos de esquerda sobre como o Exército receberia a decretação de estado de emergência no país durante o auge das manifestações embaladas pelo Pato Amarelo da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Se o general está falando a verdade, quebrou a hierarquia, pois deveria ter comunicado a seus superiores, o ministro da Defesa da época, Aldo Rebelo, e à própria presidente da república, Dilma Rousseff, comandante em chefe das Forças Armadas.

“Explique por que, se ficou preocupado, não informou as autoridades superiores, Ministro da Defesa e Presidente da República — Comandante Supremo das Forças Armadas — sobre o fato de dois integrantes do Legislativo sondarem a assessoria parlamentar do Exército sobre um ato contra a democracia, uma vez que contrário ao direito de livre manifestação.  Por que não buscou esclarecer se a iniciativa dos deputados contava com respaldo da Comandante das Forças Armadas? Não respeitou a hierarquia?”, cobra Dilma Rousseff.

A declaração literal de Villas Bôas é:

“Esse episódio ganhou uma versão que não é totalmente verdadeira. Ao longo do processo de impeachment, dois parlamentares de partidos de esquerda procuraram a assessoria parlamentar do Exército para sondar como receberíamos a decretação de um “Estado de Defesa” (possibilidade constitucional na qual o presidente decreta por 30 dias situação emergencial restringindo direito de reunião e de comunicação). Confesso que fiquei preocupado, porque vi ali uma possibilidade de o Exército ser empregado contra as manifestações. Contudo, corre uma versão de que a presidente Dilma teria me chamado e determinado a decretação do ‘Estado de Defesa’, e eu teria dito que não cumpriria. Isso não aconteceu. Mas que houve a sondagem, ela de fato houve.

Segue a nota de Dilma Rousseff:

Sobre as declarações do General Villas Boas

As declarações do General Villas Bôas, em entrevista ao jornal O Globo, exigem dele uma atitude responsável e, para tanto, é necessário  que:

1. Apresente os nomes dos “dois parlamentares de partidos de esquerda”  que, segundo ele, “procuraram a assessoria parlamentar do Exército para sondar como receberíamos (o Exército sic) a decretação de um Estado de Emergência”. Se isso ocorreu é imprescindível o nome dos deputados, pois eles devem esclarecimentos ao País. Caso contrário, a responsabilidade cabe ao general e à sua assessoria parlamentar.

2. Explique por que, se ficou preocupado, não informou as autoridades superiores, Ministro da Defesa e Presidente da República — Comandante Supremo das Forças Armadas — sobre o fato de dois integrantes do Legislativo sondarem a assessoria parlamentar do Exército sobre um ato contra a democracia, uma vez que contrário ao direito de livre manifestação.  Por que não buscou esclarecer se a iniciativa dos deputados contava com respaldo da Comandante das Forças Armadas? Não respeitou a hierarquia?

A intervenção militar contra a democracia é um golpe. A minha  vida é prova do meu repúdio político e repulsa pessoal a essa etapa da história do País. Jamais pensei, avaliei, considerei, fui sondada para qualquer possibilidade ou alternativa, mesmo que remota, a esse tipo intervenção antidemocrática.

Os golpistas são aqueles que apoiaram a nova forma de golpe, ou seja, um processo de impeachment, sem crime de responsabilidade e o meu consequente afastamento da Presidência da República.

O Senhor General deve à República, a bem do Estado Democrático de Direito, esses esclarecimentos.

Deve mesmo, e não só por esse episódio. No dia 2 de janeiro deste ano, ao dar posse ao ministro da Defesa, Villas Bôas presente, Jair Bolsonaro, se dirigindo a ele, disse que não teria chegado à presidência não fosse sua atuação.

“General Villas Bôas, o que já conversamos ficará entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, discursou, enquanto o ex-comandante do Exército chorava.

Sobre o que falaram?

O que se sabe é que a candidatura de Jair Bolsonaro começou a ser gestada em 2014, em consequência dos eventos que lembraram os 50 anos do golpe militar.

Um general declarou a um jornalista argentino que a ideia era resgatar imagem dos militares, que justificadamente ficou negativa em razão da violação da democracia e dos direitos humanos.

Eles queriam uma candidatura que defendesse o ponto de vista militar e encontraram em Bolsonaro o candidato viável.

Segundo esse relato, começou ali a ser construído o que eles chamaram de projeto “Nova Democracia”.

Obviamente, era uma quebra de hierarquia, já que todos os militares deviam obediência à presidente da república na época.

Estavam, no entanto, articulando a candidatura de um adversário do projeto aprovado pelas urnas.

Há muitos segredos desse período que ainda precisam ser revelados. Este é apenas um deles. Agora é aguardar se o general dirá quem são “os parlamentares de partidos de esquerda” que o procuraram.

Permanecendo em silêncio, passará à história como leviano e mentiroso, além de ter contribuído para alimentar uma candidatura à sombra de sua comandante.

Qual é o nome que se dá para esse comportamento? Conspiração?

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Fonte diariodocentrodomundo
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