De volta ao PT, Randolfe discorda do partido sobre Venezuela: “Não é uma democracia”
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que recentemente se filiou ao partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depois de quase 20 anos afastado, fez críticas ao regime do ditador Nicolás Maduro, da Venezuela, divergindo da posição da legenda acerca das eleições no país vizinho.
Na madrugada de domingo (28) para segunda-feira (29), Maduro foi declarado vencedor das eleições presidenciais, supostamente com pouco mais de 51% dos votos, ante 44% do principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.
O resultado foi recebido com perplexidade pela grande maioria dos países democráticos ocidentais, já que o candidato oposicionista aparecia bem à frente de Maduro em todas as pesquisas dos principais institutos.
A oposição acusou o regime de fraudar a eleição, e diversos órgãos independentes internacionais apontaram irregularidades no pleito. O governo dos Estados Unidos não reconheceu a vitória de Maduro e apontou González como o legítimo vencedor do pleito.
Segundo Randolfe, referindo-se à Venezuela, “eleições que não se submetem à verificação e ao acompanhamento de observadores internacionais não são eleições legítimas.”
“Lamentavelmente, a Venezuela não é mais uma democracia. E, enquanto não forem apresentadas as atas que comprovem a verificação do resultado eleitoral, não é possível o reconhecimento do regime do senhor Nicolás Maduro”, afirmou o senador petista, em entrevista à GloboNews.
As declarações de Randolfe vão em sentido contrário à posição majoritária do PT, que divulgou nota, no início da semana, reconhecendo a vitória de Maduro e elogiando o processo eleitoral daquele país.
O próprio Lula, em entrevista, chegou a afirmar que não havia nada de “grave” ou de “anormal” nas eleições venezuelanas.
“Escalada de violação dos direitos humanos”
Outro senador do PT, Fabiano Contarato (ES), também criticou o regime de Maduro e a falta de transparência do processo eleitoral na Venezuela.
O parlamentar cobrou a divulgação das atas de votação, que até agora não vieram a público, e disse que a situação do país é “preocupante e “merece a atenção de toda a comunidade internacional”.
“A eleição ocorreu no domingo, já se passaram quatro dias e o Conselho Nacional Eleitoral, que é comandado por Nicolás Maduro, ainda não apresentou a ata que efetivamente o consagra como vencedor”, afirmou Contarato.
“O que temos presenciado, e que está sendo veiculado por todos os meios de comunicação internacionais, é uma escalada de violação dos direitos humanos”, criticou.