Ciro diz que reverteria privatização da Eletrobras pagando “as devidas indenizações”
Segundo o pedetista, capitalização da empresa representaria sua internacionalização
O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta terça-feira (31) que, caso a Eletrobras seja privatizada, ele reverterá o processo e pagará “as devidas indenizações”. Ele também classificou a privatização da estatal como “maior crime que se pode cometer” e disse que ela seria entregue ao capital estrangeiro, caso seu processo de capitalização seja concluído.
“Nenhum país do mundo entrega ao capital privado, muito menos o estrangeiro, seu regime de águas. E ela dá lucro. Por que vamos privatizar isso? Ou seja, se privatizar, eu tomo de volta. Com as devidas indenizações, naturalmente”, disse o pedetista.
“A privatização da Eletrobras é o maior crime que se pode cometer. É porque sou ideologicamente contra? Não, é porque privatização, no caso brasileiro, dado o baixíssimo nível de capital nacional, significa internacionalizar. E a peculiaridade da matriz brasileira é que ela é ainda muito extensamente de base hidráulica. Ou seja, se eu entrego ao capital estrangeiro a minha companhia de geração e distribuição de energia, na prática eu estou entregando aos estrangeiros o regime de águas do país”, disse Ciro.
A afirmação ocorreu durante sabatina ao jornal Correio Braziliense, nesta terça. Ciro também disse que os interessados nesse processo desestatização “trocaram o nome de privatização para capitalização” e descobriram “um caminho absolutamente tortuoso para entregar o capital público brasileiro a interesses privados”.
Segundo ele, com a expansão de capital da Eletrobras, o controle da companhia será entregue para o acionista privado. “E, a partir daí, acabou a brincadeira, vamos ter que negociar o problema de água e de tarifa lá em Xangai, provavelmente com uma estatal chinesa. Isso é o fundo do poço. Estou completamente indignado. Se fizerem isso, eu tomo de volta, não tem conversa. Pagarei as devidas indenizações porque o Brasil é um país sério”, concluiu.
Petrobras
Ciro também falou sobre outra estatal, a Petrobras, dizendo que irá alterar a política de preços de paridade de importação (PPI), estabelecida na gestão de Michel Temor (2016-2018), a qual ele criticou. “Se eu chegar lá, vai acabar essa brincadeira.”
O pedetista falou que publicaria dois editais, sendo que o primeiro deles trocaria a PPI por uma “nova estrutura de preços”. “Vai ser custo mais rentabilidade em linha com as petroleiras internacionais. Cai [o lucro da empresa] de 38% para 6,5%.”
Segundo ele, o anúncio causará uma queda nas ações da empresa, o que motivaria a publicação de um segundo edital “dizendo que o governo entrará comprando tantas ações quantas se queiram vender, até o limite de integralizar novamente 60% do capital da Petrobras”. “Porque eu quero assenhorear-me dela, para transformar na maior empresa de energia limpa do mundo, colocando em hidrogênio verde, energia solar e eólica para que prepare o Brasil para a transição energética com velocidade”, disse Ciro.
Debate
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*Publicado por Marcelo Tuvuca, com informações de Iuri Corsini, da CNN