Bolsonaro cumprimenta apoiadores após evento no Comando Militar do Sul em Porto Alegre
Antes de ir embora, presidente foi até o gradil de isolamento receber grupo nesta quinta-feira
A presença do presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira em Porto Alegre para participar da solenidade de troca de liderança do Comando Militar do Sul (CMS) levou aproximadamente 50 apoiadores à realização de um ato na esquina das ruas dos Andradas e Bento Martins, no Centro Histórico. Vestindo verde e amarelo e com bandeiras do Brasil, o grupo aguardou até o início da tarde, quando o presidente deixou o evento e foi ao seu encontro, antes de retornar para Brasília. Em contraste ao movimento de apoio, moradores das imediações realizaram panelaços.
Bolsonaro chegou pouco depois das 10h em Porto Alegre. No Aeroporto Salgado Filho, quebrou o protocolo e cumprimentou apoiadores que o aguardavam. Ele tirou fotografias e se desculpou por ter que seguir direto para o evento no Comando Militar do Sul. Sem máscara de proteção, ainda apertou as mãos dos policiais da Brigada Militar que realizavam a segurança no local.
Antes disso, o restante de seus apoiadores já aguardava sua chegada nas proximidades do evento de troca de comando. A rua dos Andradas estava fechada para o público com um gradil na esquina do Museu Militar, a uma quadra do CMS. O presidente, no entanto, chegou direto para o evento, sem falar com os presentes. Enquanto ocorria a cerimônia, do lado de fora seus seguidores gritavam, principalmente, por seu nome e xingavam a Rede Globo, além de cantarem o hino do Rio Grande do Sul.
Outros gritos também foram ecoados, em críticas ao governador Eduardo Leite, ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. “Fica, Ramagem”, chegaram a gritar em um momento os presentes, referindo-se a Alexandre Ramagem, que teve sua nomeação à chefia da Polícia Federal suspensa. Em cartazes, havia ainda críticas ao ex-ministro da Justiça, Sergio Moro.
No meio das dezenas de apoiadores, no entanto, havia quem tivesse saído de casa para criticar a postura do presidente da República com relação à pandemia de coronavírus. O psicólogo Raul Cardoso, 31 anos, segurava um cartaz que dizia: “E daí? Quer que eu faça o quê?”, citando a frase dita por Bolsonaro dois dias antes, quando foi questionado sobre o número de mortes por Covid-19. Abaixo, Carsoso completou: “construir hospitais; comprar respiradores; valorizar trabalhadores da saúde; manter empregos; cuidar das pessoas e falar menos besteiras”.
“Ele, como líder da nação, deveria dar o exemplo”, afirmou o psicólogo, que, enquanto era entrevistado, foi abordado por alguns apoiadores do presidente, que o criticaram. Questionado sobre se temia por sua segurança em meio ao ato, Cardoso disse que, apesar do receio, se sentia seguro devido à operação policial que foi montada no local, com presença da tropa de choque. Segundo ele, sua manifestação era crítica e pacífica. “Não é querer conflito, mas o melhor para o país.”
Diferentemente de outros atos bolsonaristas, que tiveram os ânimos mais exaltado, um deles, inclusive, terminando em violência, a mobilização desta quinta-feira foi menos agressiva. Em alguns momentos, os apoiadores do presidente chegaram a trocar ofensas com moradores do Centro ou com pessoas que passavam em seus veículos. No final da manhã, um homem a cerca de meia quadra de distância também trocou xingamentos, mas não passou disso.
Cerca de uma hora depois do encerramento da solenidade, Bolsonaro saiu do prédio do Comando Militar do Sul e caminhou na direção de seus apoiadores. Ele percorreu o gradil acenando para o público e, logo depois, seguiu para o Aeroporto Salgado Filho. Os participantes do ato começaram a dispersar, enquanto um novo panelaço contra o presidente começava no Centro Histórico.