Bolsonaro atribui derrota do voto impresso a “medo de retaliação” na Câmara
Presidente vê Congresso dividido, volta a atacar TSE e diz que eleição não será confiável, mas não apresenta provas
Nesta quarta-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro disse para apoiadores em Brasília que a rejeição à proposta da PEC do voto impresso na Câmara dos Deputados foi “reflexo de chantagem e medo de retaliações”.
“450 deputados votaram ontem, foi divido, 229 a 218. Então é sinal que metade não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE. Não acredita que o resultado no final seja confiável. Dessa outra metade que votou contra, você tira PT, PCdoB, PSOL que para eles é melhor o voto eletrônico como está aí. Desses outros, tirando esses partidos de esquerda que votaram contra, muita gente votou preocupada, realmente. Problemas, estão com problemas essas pessoas aí, resolveram votar lá com ministro presidente do TSE”, analisou.
Como exemplo de sua análise de “divisão do Congresso” na PEC do voto impresso, ele apontou o alto número de abstenções (65 deputados) como exemplo – o governo obteve 229 dos 308 votos necessários para a aprovação da proposta.
“Os que se abstiveram, abstenção online é muito difícil de acontecer, não é que votou abstenção, ele não votou. É sinal que ficaram preocupados com retaliações”, opinou, repetindo as acusações feitas a Luís Roberto Barroso de atuar junto aos parlamentares antes da votação – fato negado pelo ministro.
O presidente voltou a dizer que as eleições de 2022 não serão confiáveis, mas não apresentou provas de fraudes no sistema do Tribunal Superior Eleitoral.
Após a votação, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) confirmou que a pauta está encerrada e disse que Bolsonaro respeitaria a votação. Depois, enfatizou o resultado “soberano, altivo e democrático” pelo plenário da Câmara.
A proposta de emenda à Constituição queria contagem pública e manual de votos obrigatoriamente impressos em eleições, plebiscitos e referendos. A pauta era fortemente defendida pelo presidente, que inclusive promoveu ataques ao presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e acusou fraudes no sistema eleitoral em 2018, mas sem apresentar provas.