“BNDES precisa urgentemente voltar a ser um banco indutor do desenvolvimento e do crescimento econômico”, diz Lula
Presidente também defende que banco público dê atenção especial ao financiamento de micro e pequenos empreendedores
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou, nesta segunda-feira (6), que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) precisa “urgentemente” voltar a ser um banco indutor do desenvolvimento e do crescimento econômico do país, além de conferir atenção especial ao financiamento de micro e pequenos empreendedores.
“Se o BNDES é um banco de desenvolvimento e a gente percebe que, quando ele investe, a economia cresce, e, quando ele não investe, a economia não cresce, eu fico me perguntando como vamos fazer voltar investimentos em obras de infraestrutura neste país?”, questionou.
“O BNDES precisa urgentemente voltar a ser um banco indutor do desenvolvimento e do crescimento econômico deste país”, afirmou.
“Que a gente não tenha medo de emprestar dinheiro para o estado se o estado tiver capacidade de endividamento. Que a gente não tenha medo de emprestar dinheiro para uma cidade se ela tiver capacidade de endividamento. O que a gente não pode é emprestar para quem não pode pagar”, disse.
As falas foram feitas em cerimônia de posse de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES, na sede do banco público, no Rio de Janeiro.
O evento reuniu o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além de diversos integrantes do ministério do governo, como Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima).
Durante sua fala, Lula rebateu o que qualificou como uma série de mentiras propagadas contra o BNDES durante a campanha eleitoral. Ele negou que houvesse uma “caixa preta” no banco público, disse que não houve empréstimos de recursos a outros países e refutou a existência de qualquer política que tenha beneficiado um pequeno grupo de grandes empresas.
“Parem de mentir com relação ao BNDES e entendam que o BNDES é a mais importante agência de investimento em desenvolvimento que esse país criou”, afirmou.
Ao rebater acusações de que, nos seus outros dois mandatos, o banco público privilegiou um grupo seleto de empresários, Lula disse que priorizou os pequenos empreendedores – e que é necessário adotar a mesma postura neste terceiro mandato.
“É importante a gente ter clareza de que o BNDES tem que privilegiar o financiamento de micro e pequenos empreendedores para que a gente dê um salto de qualidade na produção e no crescimento econômico deste país”, afirmou.
Lula também destacou a necessidade de o governo prezar pela credibilidade, estabilidade, previsibilidade e responsabilidade fiscal, aliadas às responsabilidades social e política. “O importante é a gente saber qual delas a gente vai privilegiar. Aí que é a arte de governar”, ressaltou.
“É você, ao sentar na mesa, decidir para que lado a balança vai pender em determinado momento. Se é mais importante uma dívida ou outra dívida. Quando, na verdade, nós temos uma dívida fiscal de 20, 30 ou 40 anos, nós temos uma dívida social de 100 anos. Uma dívida social de 200 anos. Uma dívida social impagável se não colocarmos como prioridade essa dívida social”, afirmou.
“É possível a economia crescer sem o povo crescer? É possível a economia crescer se o povo continua pobre e miserável? Sabe quantos anos faz que não aumentam o salário mínimo? Sete anos. É possível fazer com que esse país seja socialmente justo se a gente não aumenta o salário mínimo das pessoas? Se a gente fica brigando contra o piso dos professores, contra o piso das enfermeiras? Afinal de contas, que país democrático queremos criar se não conseguimos fazer com que as pessoas das camadas mais baixas consigam subir um mínimo de um degrau na escala social?”, questionou.
Nesse sentido, Lula disse que o BNDES pode “prestar um serviço extraordinário” para fazer com que caia a taxa de juros no país. O mandatário tem feito duras críticas à política monetária conduzida pelo Banco Central na gestão de Roberto Campos Neto.
No mesmo evento, Lula disse que “não existe justificativa nenhuma” para a Selic continuar no patamar atual. “É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, afirmou.
O presidente também questionou o fim da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) praticada pelo BNDES, que foi substituída pela Taxa de Longo Prazo (TLP) desde o governo de Michel Temer (MDB). “Por que acabaram com a TJLP? É para que não tivesse financiamento de longo prazo? Por que o BNDES deixou de ser um grande investidor e indutor do crescimento e passou a financiar o governo?”, disse.