Atos antecipam eleição, e Bolsonaro não pode mais ser criticado por aglomerações, diz líder do governo
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, chamou os atos da esquerda de “propaganda gratuita” a Bolsonaro.
“O brasileiro precisa rememorar essa turma que estava escondida dentro de casa e só destilando ódio pelas redes sociais”, afirmou o ministro no Twitter. “O fato é que o discurso de ser contra ir às ruas é fake”, disse, em outra publicação.
O deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP) disse à Folha que as manifestações foram “pífias e vergonhosas”. “A oposição fez realmente o isolamento. Marcou a passeata e ninguém foi”, afirmou.
Para o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), uma das lideranças do centrão, ainda falta o “polo moderado” ir para as ruas. Segundo ele, essa fatia da população “é o maior e se decepcionou com os extremos”.
“Ainda não está mobilizado e não sei se estará por falta de uma plataforma e de um líder”, disse Ramos à Folha.
Já a deputada bolsonarista Alê Silva (PSL-MG) afirmou que a busca pela “terceira via” fortalece a candidatura de Lula.
“Observando as cenas das manifestações da esquerda, nunca estive tão convicta de que estou do lado certo. A quem procura uma terceira via, com isso fortalecendo o lulismo, é isso mesmo que vocês querem para o Brasil?”, escreveu a deputada nas redes sociais.
Liderados por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda, as manifestações foram alvo de críticas por acontecerem presencialmente em meio à pandemia da Covid-19. O país ultrapassa 450 mil mortes pela doença com cerca de 2.000 em 24 horas.
Pelo menos nove capitais, além do Distrito Federal, têm ocupação acima de 90% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
A recomendação para o uso de máscaras teve ampla adesão. Porém, houve aglomerações em descumprimento a regras de distanciamento social sugeridas por especialistas para conter a disseminação da Covid-19.
Mais cedo, em entrevista à Rádio Jovem Pan, Barros minimizou aglomerações em atos políticos durante a pandemia.
“As pessoas têm usado máscaras. Aliás, não existe nenhum estudo científico que prove que máscara diminui a contaminação”, disse Barros. Autoridades sanitárias, contudo, recomendam o uso de máscaras.
Segundo o líder do governo, os protestos da esquerda, neste sábado, foram uma reação a manifestações pró-Bolsonaro. Ele citou como exemplo o ato no Rio de Janeiro, no dia 23, que reuniu o presidente e motociclistas.
“Eles estão tentando usar a mesma linguagem”, afirmou Barros à Folha.
Segundo o deputado, Bolsonaro demonstrou mais força política do que a esquerda nestes atos.
“O apoio é ao Bolsonaro [nos atos pró-governo] e a sua reeleição. A mobilização das esquerdas é contra o presidente, mas os grupos de oposição não estarão no mesmo palanque em 2022”, disse o deputado.
No ato de domingo passado, Bolsonaro estava acompanhado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. General da ativa, ele está na mira da CPI da Covid no Senado.
Na segunda-feira (24), após a ida de Pazuello ao palanque político ao lado do presidente, o Exército abriu um procedimento disciplinar contra o general da ativa.
Integrantes da cúpula da Força pressionam para que seja cumprido o regulamento da instituição. Bolsonaro, Pazuello e militares do governo dizem que o ato com os motociclistas no Rio de Janeiro não foi político.