À CNN, ministro da CGU afirma que investiga caso Davati e vai apurar propina
Wagner Rosário quer entender o que houve no encontro entre o empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira e o então diretor da Saúde Roberto Dias
Em entrevista exclusiva à CNN, o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, afirmou que a CGU abriu uma investigação para apurar o caso Davati e uma suposta cobrança de propina.
De acordo com Rosário, a CGU quer entender melhor o que aconteceu no encontro entre o empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira e o então diretor do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, em um restaurante de um shopping de Brasília.
Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, Dominguetti, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, disse que teria recebido pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina da Astrazeneca em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.
O ministro ressaltou também que encontrou no sistema do Ministério da Saúde uma proposta da Davati oferecendo os imunizantes. A empresa, no entanto, não estava sendo representada por Dominguetti.
“Nós varremos hoje (30) internamente todo o sistema do Ministério da Saúde e encontramos um processo de uma proposta de 300 milhões de doses dessa Davati, mas não representada pelo Luiz Paulo Dominguetti, e sim representada por um advogado de nome Julio Caron”, informou Rosário.
Ainda de acordo com o ministro, a CGU apurou que Dominguetti esteve no prédio do Ministério da Saúde no dia 26 de março de 2021, com entrada às 13h39. Rosário, porém, não soube informar com quem o empresário esteve.
Ministro diz que não há irregularidades na contratação da Covaxin
Wagner Rosário, disse que “processualmente” não há irregularidades nos contratos de contratação e importação da vacina indiana Covaxin.
Rosário ressaltou, no entanto, que o relatório ainda não está concluído e, por isso, não poderia se manifestar definitivamente sobre o caso.
“O retorno que eu recebi da equipe [que apura os fatos na CGU] sobre essa parte da verificação processual, é que não existe nada de errado no processo”, disse o ministro.
Sobre o processo de importação dos imunizantes, Rosário afirmou que o departamento do Ministério da Saúde que cuida dessa área identificou três problemas no invoice — uma espécie de fatura — recebido pela pasta.
O primeiro problema seria um possível sobrepreço de até 1000% no valor das vacinas. O segundo ponto é que o nome da empresa que receberia o dinheiro não era da Bharat Biotech e nem da Precisa Medicamentos, representante da empresa indiana no Brasil. O último equívoco apontado foi o pagamento antecipado para a obtenção das imunizantes.
O ministro explicou que recebeu o invoice no dia 18 de março de 2021 e no dia 24 daquele mês, os problemas já haviam sido solucionados.
“Verificou-se que eram 300.000 frascos e cada frasco eram dez doses, então chegou-se aos 3 milhões de doses. Resolveu o primeiro problema. Não tinha mais superfaturamento, era o valor exato a ser contratado”, disse.
“Em relação ao pagamento antecipado, também se pediu para se corrigir. Em relação ao nome da outra empresa, se explicou que a empresa faz parte do grupo [da Precisa Medicamentos]. Ela que operacionaliza. Então se resolveu os problemas que eram as suspeitas”, completou.
‘Estou pronto para ir’, diz Wagner Rosário sobre convocação para depor na CPI da Pandemia
O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União afirmou que admite a possibilidade de depor à CPI da Pandemia, caso seja acionado pelos senadores que integram a comissão.
A convocação dele foi aprovada pela CPI no início do mês, mas até o momento o depoimento ainda não foi agendado pela comissão.
“Convocado eu tenho que ir. Estarei lá, para apresentar as explicações que forem necessárias”. “Se os senadores acharem que é importante, eu estou pronto para ir”, completa Rosário, que comanda a pasta responsável, dentro do governo federal, pela análise interna da conduta ética e profissional dos órgãos da União.
Instado a comentar as críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a respeito da CPI, o ministro preferiu não se manifestar. “Cada um analisa e diga o que acha. Há uma previsão legal para a CPI, ela tem poderes para fazer isso. O comportamento de cada um lá dentro cada cidadão vai demonstrar se gostou ou não gostou na próxima eleição”, afirmou.