Mais de 80 policiais federais cumprem em Palmas mandados contra fraudes em benefício
Estima-se um prejuízo de mais de R$ 800 mil aos cofres públicos, somente em relação aos 38 beneficiários que tiveram seus dados analisados até o momento.
Nesta quarta-feira, 26, a Polícia Federal deflagrou a “Operação Traíra”, visando identificar e responsabilizar pessoas que receberam o benefício do Seguro-Defeso de forma irregular em Palmas. A ação conta o apoio do INSS e aproximadamente 85 policiais federais cumprem 19 mandados judiciais de busca e apreensão expedidos pela 4ª Vara Federal SJ/TO, todos na capital.
Estima-se um prejuízo de mais de R$ 800 mil aos cofres públicos, somente em relação aos 38 beneficiários que tiveram seus dados analisados até o momento. Podendo chegar-se a um montante ainda mais expressivo, tendo em vista que mais de 230 pessoas na Capital recebem o benefício anualmente.
Seguro-Defeso
O benefício é voltado para pescadores e é disponível durante o período em que ficam impedidos de pescar em razão da necessidade de preservação das espécies. Para ter direito, é necessário que exerçam sua atividade de forma ininterrupta, durante o período de 12 meses anteriores ao período de Defeso e que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira (artigo 1o e §3o e 4o da Lei 10.779/03).
Segundo apurado nas investigações, a fraude se dava quando pessoas que possuem outras atividades comerciais se associam em uma entidade de pescadores da Capital a fim de obter Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP junto ao MAPA. Dessa forma, sem exercer a pesca como única ocupação, os suspeitos obtinham guias de pescados junto à estas associações como se tivessem pescado de forma ininterrupta durante os doze meses anteriores e se habilitavam assim a receber o Seguro-Defeso junto ao INSS nos meses de novembro a março.
Também é objeto da investigação as atuações dos responsáveis e pessoas ligadas às entidades dos pescadores em Palmas/TO, tendo em vista o auxílio prestado a estes beneficiários e o fornecimento de documentos a pessoas que não exercem a pesca como atividade exclusiva.
Os investigados devem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de associação criminosa e estelionato majorado, cujas penas somadas podem chegar a nove anos e meio de reclusão.
O nome da operação faz alusão ao peixe Traíra, um dos peixes mais populares do Brasil, presente em quase todos os açudes, lagos, lagoas e rios e na linguagem popular “traíra” é a pessoa que trai, que engana.
A Polícia Federal ressalta que, em razão da situação de pandemia da COVID-19, foi planejada uma logística especial de prevenção ao contágio, com distribuição de EPIs a todos os envolvidos na missão, a fim de preservar a saúde dos policiais, testemunhas, investigados e seus familiares.