Madeira de desmatamento em terra indígena foi usada para construção de cercas em fazendas, diz PF
O delegado Nilson Vieira dos Santos informou que o ritmo da devastação acelerou entre 2019 e 2020.
A madeira extraída em desmatamento ilegal no território indígena Xerente, em Tocantínia, foi revendida dentro do Tocantins e utilizada principalmente na construção de cercas para fazendas. A informação é do delegado da Polícia Federal Nilson Vieira dos Santos, que é um dos responsáveis pela operação.
“O que nós observamos é que na maior parte elas são utilizadas para a construção de cercas nas propriedades rurais. Principalmente as madeiras mais nobres, elas são muito resistentes. Eles fazem beneficiamento, colocam como estacas e na maioria é para esta destinação”, explicou.
Ele relatou ainda um forte aumento no ritmo da devastação recentemente. “De 2019 para cá tem acelerado muito, 2029 – 2020. Tem uma mata específica, Mata Grande, ela foi muito dizimada. Atualmente nós identificamos intensificado o desmatamento na mata do Janipapo”, diz ele.
A investigação começou após uma série de flagrantes e apreensões de órgãos ambientais na região. Nesta manhã, as equipes da PF cumpriram um mandado de prisão e 11 ordens de busca e apreensão. A Polícia Militar foi chamada para prestar apoio na ação.
A operação foi autorizada pelo juiz João Paulo Abe, da 4ª vara da Justiça Federal do Tocantins. O g1 e a TV Anhanguera tiveram acesso à decisão. O documento afirma que a PF viu indícios de extração em larga escala de madeira com alto valor comercial.
O alvo do mandado de prisão é suspeito de chefiar o esquema e aliciar os indígenas. Endereços ligados a alguns dos indígenas também devem ser alvo de buscas, por suspeita de que eles teriam colaborado com os crimes. Segundo o delegado Nilson Vieira, o número de indígenas que teriam participação é considerado pequeno diante da quantidade de moradores.
A etnia Xerente é a que tem a maior população entre os povos indígenas do Tocantins. São mais de três mil moradores em cerca de 90 aldeias.
A operação foi chamada de ‘Krikahâ’, palavra que significa Tocantínia em Akwẽ-Xerénte, idioma nativo do povo indígena Xerente.