Taxas futuras de juros cedem no Brasil em sintonia com rendimentos de Treasuries

Falas do presidente do Banco Central do Brasil e balanços corporativos foram assuntos do pregão.

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As taxas dos contratos futuros de juros recuaram nesta terça-feira (25), em um dia de pessimismo no exterior, onde os rendimentos dos Treasuries também cediam e o dólar subia, com investidores em busca de ativos mais seguros, enquanto no Brasil as atenções se voltaram para a ida do presidente do Banco Central ao Senado.

O setor bancário norte-americano era um dos destaques negativos, em sessão que repercutia balanços corporativos mistos. O First Republic — uma das instituições envolvidas na turbulência bancária mais recente — relatou fuga de mais de US$ 100 bilhões em depósitos no primeiro trimestre e viu suas ações desabarem. Papéis de outros bancos regionais também eram penalizados.

“De forma geral, os balanços são o que mais faz preço lá fora. O cenário de aversão pressionou o dólar e os rendimentos dos Treasuries caíram também. Isso acabou puxando alguns vértices dos contratos de juros aqui no Brasil”, comentou Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

Além dos balanços corporativos, os EUA apresentaram nesta terça-feira números negativos. O Conference Board disse que seu índice de confiança do consumidor caiu para 101,3 em abril, de 104,0 em março. Economistas consultados pela Reuters esperavam que o índice permanecesse em 104,0.

No Brasil, as atenções se voltaram para o depoimento do presidente do BC, Roberto Campos Neto, à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado. Numa sessão longa, Campos Neto afirmou que cortar juros “na canetada” geraria mais inflação no Brasil. Além disso, afirmou que há um “trabalho grande” a se fazer para reverter as expectativas de inflação.

Os comentários de Campos Neto, na visão de alguns profissionais ouvidos pela Reuters, reforçam a percepção de que o início do ciclo de corte da taxa básica Selic pode não estar próximo, apesar da pressão de parlamentares e do governo Lula.

Esta leitura deu alguma sustentação para as taxas futuras curtas até o início da tarde, mas até o fechamento elas também saltaram para o território negativo, em sintonia com o exterior.

O economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, destacou a pressão sobre Campos Neto para que o BC reduza os juros, inclusive na sessão desta terça-feira na CAE.

“Esta pressão para cair juros não é boa. Ela afeta expectativas, afeta o mercado de câmbio. Eu entendo que o juro está muito alto, mas não dá para cair juro por voluntarismo”, comentou.

Segundo ele, na dúvida sobre o que o Federal Reserve fará em sua política monetária e com os ruídos no Brasil sobre a queda de juros, os investidores estão preferindo se resguardar.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,175%, ante 13,208% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,82%, ante 11,888%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,605%, ante 11,701% do ajuste anterior e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,75%, ante 11,863%.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava apenas 3% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de maio e 97% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

Além de Campos Neto no Senado, os investidores acompanharam a queda de 0,1% nas vendas do varejo em fevereiro ante janeiro, pelos números do IBGE, e a baixa real de 0,42% da arrecadação em março ante o mesmo mês do ano anterior, pelos dados da Receita Federal.

Apesar de ruins, os números pouco fizeram preço na curva a termo.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa nesta tarde.

Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 12,50 pontos-base, a 3,3902%.

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Fonte investnews
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