Pix faz 1 ano e BC diz que sistema funcionará sem internet e fará transferências para o exterior
Em cerimônia de comemoração do aniversário de um ano do Pix transmitida pela internet, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, previu a implementação de novas funcionalidades para a tecnologia nos próximos anos, como transferências sem conexão à internet e movimentação de recursos para outros países.
No pronunciamento gravado em vídeo antes de sua partida para um compromisso internacional, o chefe da autoridade monetária destacou a celeridade da adesão à ferramenta por parte da população brasileira e o processo de ampliação do acesso aos serviços financeiros.
“Além de incentivar a eletronização dos pagamentos, o Pix faz frente ao contexto do contexto de digitalização do mercado e é um importante vetor para a promoção da inclusão financeira. Em um momento em que a economia ainda sofre os efeitos da pandemia, o Pix foi especialmente importante, viabilizando negócios, pagamentos rápidos e doações”, disse.
Nos primeiros 12 meses de funcionamento, o sistema registrou em média 30 transações por habitante, um recorde de aceitação na comparação com outros países que instalaram mecanismos similares. Até então, o Chile havia sido aquele com a mais rápida adesão às transações instantâneas, com 9 operações por habitante no primeiro ano.
Atualmente, apenas Dinamarca e Suécia têm números maiores de transferências instantâneas do que o Brasil.
De acordo com dados do BC, 25% das operações do Pix são de até R$ 15 e 60%, de valores inferiores a R$ 100. Para o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução da entidade, João Manoel Pinho de Mello, estes números reforçam o papel de democratização dos serviços financeiros por meio da ferramenta.
“O Pix é utilizado em pequenas transações, o que mostra o caráter inclusivo do Pix. Só para comparação, uma operação típica de cartão de crédito deve ter em média o valor de R$ 130, R$ 140.”
As transferências de pessoas físicas para jurídicas representaram 5,2% do total de transações de novembro de 2020, mês de lançamento da tecnologia, e hoje correspondem a 15,6% deste total. Ainda segundo levantamento do BC, 35% dos brasileiros registrados no Cadastro Único, que reúne informações sobre beneficiários de programas sociais, têm chave Pix, assim como 25% dos que recebem o Bolsa Família.
“Entre a população fora do cadastro único, este percentual é de 47%. É uma diferença relevante, mas nós vamos chegar ao ponto que esses números sejam iguais. Para um público habitualmente excluído dos pagamentos digitais, é notável que 35% das pessoas do cadastro único tenham chave Pix. São números dos quais o Banco Central se orgulha”, celebrou Pinho de Mello.
A perspectiva de equiparação do uso do PIix entre os públicos de alta e baixa renda se confirma pelo ritmo de crescimento de 131% observado entre a população de menor poder aquisitivo, percentual mais de duas vezes superior aos 52% de aumento entre todas as faixas salariais.
Campos Neto reconheceu que, apesar dos avanços trazidos pela ferramenta, que já conta com 112 milhões de usuários, ainda há avanços a serem feitos.
“O Pix ainda não atingiu todo seu potencial. O uso do QR code ainda depende de uma melhor assimilação da tecnologia por parte dos usuários. O Pix saque e o Pix troco tiveram as regras divulgadas em setembro serão gradativamente disponibilizados pela rede varejista a partir do dia 29 deste mês. O ganho de eficiência nos processos de checkout em estabelecimentos comerciais que o aparelho celular do cliente permite pode ser melhor explorado.”
O presidente do BC ressaltou a implementação de novas funcionalidades como a possibilidade do agendamento e a gestão de limites nos aplicativos. Destacou também novas funções de segurança: o bloqueio cautelar e o mecanismo especial de devolução.
No bloqueio cautelar, a instituição que detém a conta do usuário recebedor pessoa física pode efetuar um bloqueio preventivo dos recursos por até 72 horas em casos de suspeita de fraude. Sempre que este dispositivo for acionado, a instituição deverá comunicar imediatamente ao usuário recebedor.
Lançado nesta terça-feira (16), o mecanismo especial de devolução padronizou os procedimentos que devem ser adotados por todas as instituições financeiras participantes do sistema Pix em casos de suspeitas de fraudes.