Open banking: 3ª fase começa nesta sexta e deve impulsionar o Pix nas compras online
A terceira fase do open banking, que começa nesta sexta (dia 29), permitirá que consumidores efetuem pagamentos nas plataformas digitais sem utilizar aplicativos de bancos, copiar códigos de barras ou fornecer dados do cartão de crédito. A novidade será viabilizada pelas chamadas empresas iniciadoras de pagamentos, responsáveis por intermediar a troca entre as contas do vendedor e do comprador.
Funciona assim: ao realizar uma compra online, o usuário poderá escolher a opção de pagar pelo sistema open banking, em vez das modalidades já conhecidas, como cartão de crédito e boleto.
Ao escolher este caminho, o site o levará diretamente à plataforma da instituição financeira na qual ele mantém sua conta bancária. Ali, haverá as informações da transação, como o produto está sendo adquirido, a empresa vendedora e o valor. Após conferir se todos estes dados estão corretos, basta autenticar a operação com as mesmas informações exigidas pelo banco em sua plataforma original, como inserção manual de senha ou chave Pix.
O principal benefício, segundo especialistas, será a possibilidade de fazer a compra em uma única jornada, sem interromper o processo de pagamento para migrar do site da loja para o app do banco ou para buscar o cartão de crédito na carteira.
“Na prática, hoje há uma quebra na jornada do cliente quando se faz uma compra. Agora esse serviço será integrado”, afirma a gerente de estratégia de Open Banking na XP, Isis Galote.
Qual o impacto da mudança?
Com a implementação desta fase do open banking será possível movimentar recursos de uma conta bancária por meio de plataformas de terceiros, como e-commerces e aplicativos de delivery.
Para a especialista em Open Banking do Tribanco Paloma Gonçalves, a nova fase deve incluir compradores no universo do e-commerce que ainda não aderiram às compras online. “O cliente terá mais uma opção. Muitos clientes ainda vão optar pelo cartão de crédito, mas esta nova modalidade cria uma grande facilidade. Acredito mais em um processo de inclusão de novos consumidores nas lojas virtuais.”
Todo mundo terá acesso a partir de agora?
Antes de chegar a toda a população, a novidade será submetida a um processo de validação, para que as empresas e o Banco Central, responsável pela regulação deste ecossistema, possam garantir que haja segurança e eficiência nos processos quando chegarem ao público geral.
Na sexta-feira, quando terá início sua implementação, apenas uma parcela dos correntistas escolhidos por cada instituição poderá utilizá-la. As metas estipuladas pela autoridade monetária são de 1% da base ativa de cada instituição financeira com acesso a este serviço até o dia 15 de novembro – universalização acontece até 17 de fevereiro de 2022.
“Isso é muito particular de cada instituição. Cada uma usará seu critério. Podem, por exemplo, escolher aqueles que usam mais as plataformas dos bancos para pagamento ou pegar diferentes perfis de clientes para fazer comparações. Não há um padrão, cada um vai decidir o que faz mais sentido para si”, explica Paloma.
Como será a expansão?
Neste primeiro momento, apenas o Pix estará disponível nesta modalidade. A partir do dia 15 de fevereiro de 2022, o TED também passará a integrar este ecossistema, seguido dos boletos, no dia 30 de junho, e do débito em conta, no dia 30 de setembro.
Como fica o mercado de pagamentos?
Ao fim de 2020, havia 134 milhões de cartões de crédito no Brasil, 12% a mais em relação ao ano anterior, de acordo com dados do Banco Central. A pandemia impulsionou as compras online e tornaram esta ferramenta ainda mais essencial para os consumidores. No entanto, o advento do Pix, que possibilita transações livres de tarifas, e as inovações da terceira fase do open banking oferecerão uma alternativa aos clientes.
“É esperado que toda a cadeia envolvida no setor de pagamentos faça movimentos como consequência deste novo dispositivo. O principal objetivo do open banking é ampliar a inovação e a competitividade do sistema financeiro. Mas os cartões de crédito ainda atendem outras demandas importantes, como a possibilidade de parcelamento e de adiar o pagamento do valor da compra para o dia do vencimento da fatura”, lembra Isis.
E os golpes?
Desde que foi lançado, em novembro de 2020, o Pix se tornou uma das principais ferramentas de pagamento e transações do país. Segundo dados da Gmattos, a aceitação ao novo dispositivo era de 40,7% em julho, um salto de quase 24 pontos percentuais em relação a janeiro. No entanto, a preocupação com os golpes e fraudes com o sistema tem crescido entre órgãos de controle.
O laboratório especializado em cibersegurança da PSafe, dfndr lab, identificou nesta semana uma rede de perfis falsos com mais de mil contas, criadas no Twitter, Facebook, TikTok e Instagram, e no Telegram para aplicar e disseminar golpes financeiros. Somados, os números de seguidores passavam de 500 mil. Uma das estratégias dos criminosos era prometer vantagens após transferências bancárias por Pix.
As iniciadoras de pagamento operam mediante autorização do BC, que as regula e garante que os procedimentos estejam de acordo com os requisitos técnicos exigidos pelo órgão, como a criptografia.
“Sempre garanta que o site em que você está realizando a compra é da instituição financeira na qual você tem sua conta, se está pedindo os mesmos dados que ela sempre pede. Se é uma instituição que pede senha, que peça a senha. Se pede o face ID, que peça o face ID. Se você sempre faz login no site do seu banco com CPF, não tem por que colocar agência e conta, por exemplo”, recomenda Isis.
Em outubro, o banco Santander lançou o Seguro Transações, modalidade criada para proteger pessoas físicas que realizam, sob coação, transferências via Pix, DOC, TED e TEF. A contratação do serviço pode ser efetuada até novembro pelo aplicativo e nos caixas eletrônicos. Em três planos diferentes, os clientes pagam mensalidades de R$ 9,99, R$ 18,99 ou R$ 24,99, e cobertura anual de R$ 3,5 mil, R$ 8 mil ou R$ 20 mil.