O fundo do poço é aqui? Ibovespa cai para os 98 mil pontos, o pior nível desde 2020

Ao contrário das bolsas do exterior, índice do mercado brasileiro registrou perdas pela terceira sessão seguida, afetado pela queda das commodities

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Ibovespa hoje: mais uma vez na contramão do exterior, o principal índice da bolsa brasileira terminou o dia com perdas, pressionado pelas ações dos grandes bancos e pelo cenário fiscal. Aos 98 mil pontos, o Ibovespa alcançou o pior nível desde novembro de 2020.

Nos Estados Unidos e Europa, os mercados subiram nesta quinta-feira, 23, buscando uma recuperação dos últimos pregões de queda e de volatilidade causados pelo temor de uma recessão global.

  • Ibovespa: – 1,45%, aos 98.080 pontos.

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A grande preocupação é de que o ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) prejudique a economia americana e, consequentemente, a economia global. Na última semana, a autoridade monetária dos EUA elevou a taxa de juro em 0,75 ponto percentual (p.p.), maior aumento em quatro décadas.

Na véspera, houve algum alívio nos mercados após Jerome Powell, presidente do Fed, afirmar ao Senado que a economia dos EUA estava forte e preparada para o ciclo de aperto monetário. Por outro lado, o dirigente do Fed admitiu que a recessão é uma “possibilidade”.

  • Dow Jones (EUA): + 0,64%
  • S&P 500 (EUA): + 0,95%
  • Nasdaq (EUA): + 1,62%

Na contramão da bolsa, o dólar subiu mais de 1% e chegou aos R$ 5,23. Trata-se da maior cotação em mais de cinco meses.

Destaques de ações

Por aqui, o cenário de recessão global afetou o desempenho das maiores ações do Ibovespa. Vale (VALE3) e siderúrgicas estendem as quedas da véspera — mesmo com a recuperação do minério de ferro no exterior nesta quinta. Vale lembrar que os papéis da Vale representam, sozinhos, quase 16% da carteira teórica do Ibovespa.

As ações do setor bancário, que também estão entre as maiores composições do índice, recuam em bloco e adicionam pressão ao Ibovespa. O destaque negativo fica com Itaú (ITUB4), que cai quase 2% e fica entre as principais baixas do dia.

  • Itaú (ITUB4): – 2,29%
  • Bradesco (BBDC4): – 2,64%
  • Santander (SANB11): – 2,25%
  • Banco do Brasil (BBAS3): – 0,60%

No cenário local, investidores ainda monitoram de perto a crise em torno dos preços dos combustíveis e como a medida pode impactar as contas públicas e a Petrobras (PETR3/PETR4).

Para conter a escalada de preços em ano eleitoral, o governo discute um auxílio para caminhoneiros entre R$ 600 a R$ 1 mil por mês, após a proposta inicial de R$ 400 mensais ter desagradado os representantes da categoria. A medida pode ser regulamentada via decreto de estado de emergência, única forma de driblar as restrições impostas pela lei eleitoral, que impede a criação e a ampliação de programas sociais em ano de eleição. O aumento de gastos pressiona o cenário fiscal brasileiro e diminui o potencial de alta do Ibovespa.

Em relação à Petrobras, a ameaça de instalação de uma CPI ficou travada no Congresso, ainda sem conseguir as assinaturas necessárias para início da investigação. Defendida por Jair Bolsonaro, a CPI investigaria a política de preços da estatal, condenada pelo governo.

Vale lembrar que a União é o maior acionista da Petrobras e que os preços já vêm sendo represados a pedido do governo — a companhia adota um intervalo mais longo nos repasses. Cálculos do analista Pedro Soares, do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), mostram que a Petrobras perde R$ 7,5 bilhões de Ebitda a cada US$ 15 dólares de defasagem de preços.

Já no campo positivo, os papéis do Magazine Luiza (MGLU3) foram destaque. Na contramão do índice, as ações subiram 4% e acumulam ganhos na semana.

O saldo positivo é um ponto fora da curva, já que, nos últimos 12 meses, a cotação do MGLU3 acumula perdas de quase 90%. A empresa vale em torno de R$ 17 bilhões na bolsa atualmente — no auge, em novembro de 2020, o Magalu chegou a um valor de mercado de R$ 165 bilhões.

Apesar do momento favorável, analistas recomendam cautela com o papel, uma vez que as perspectivas para médio e longo prazo são desafiadoras. O cenário de juros altos e inflação resistente têm afetado as receitas das empresas do varejo.

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Fonte exame
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