Localiza (RENT3): ação cai 1,4% após prever impacto negativo de R$ 650 mi com MP dos carros; analistas mantêm visão positiva

Companhia trouxe previsão “conservadora” sobre efeito do programa que barateia carros populares nos números do segundo trimestre

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As medidas do governo para reduzir o preço de carros populares podem ter um impacto negativo entre R$ 575 milhões e R$ 650 milhões nos resultados do segundo trimestre da Localiza (RENT3), segundo projeções da própria companhia. E conforme o esperado, a reação dos investidores foi negativa, ainda que relativamente modesta. As ações da companhia fecharam a sessão desta segunda-feira (12) com recuo de 1,39%, a R$ 67,23.

De acordo com analistas, o mercado já esperava que o programa do governo impactaria na depreciação da frota da companhia. Mas as estimativas da Localiza vieram mais conservadoras, prevendo um efeito maior que o esperado.

O efeito não-recorrente de depreciação da frota representa de 22% a 25% do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) esperado para Localiza no segundo trimestre, segundo projeções do JP Morgan. O banco calcula que os ganhos da locadora em 2023 devem ficar em torno de R$ 2,6 bilhões, mas as estimativas podem ser reduzidas a um quarto desse valor.

“Além disso, dado ao tamanho limitado do programa de incentivos – de R$ 500 milhões e inicialmente voltado a pessoas físicas – acreditamos que Localiza, e locadoras em geral, não deve se beneficiar muito da compra de veículos a preços mais baixos”, escreveram os analistas Guilherme Mendes e Julia Orsi.

O banco lembra que em incentivos passados, como a isenção de IPI entre 2008 e 2009 para estimular a demanda por carros, a Localiza, única locadora listada na Bolsa à época, conseguiu reverter os impactos negativos iniciais de depreciação de sua frota.

“Considerando o atual programa, ainda não está claro se o impacto negativo será revertido como em iniciativas anteriores”.

Contudo, o JPMorgan mantém avaliação overweight (desempenho acima do mercado) para RENT3 e se dizem potenciais compradores da ação numa baixa.

Para o Goldman Sachs, o impairment (depreciação) da frota pelo evento não recorrente cria ventos contrários à empresa no curto prazo e pressões adicionais sobre os lucros. “Contudo, no longo prazo, argumentamos que preços mais baixos de carros novos podem permitir que a companhia cresça com menos intensidade de capex [investimentos]”, escreveram os analistas.

O banco reiterou sua visão altista sobre a companhia e acredita que Localiza está bem posicionada para se beneficiar de um cenário mais competitivo, com chances de lucros mais fortes diante de despesas financeiras menores, caso a taxa Selic seja reduzida.

O Bradesco BBI avalia que a revisão de valor da frota foi uma jogada segura da Localiza. O impairment veio abaixo das expectativas da casa, que esperava um impacto de depreciação equivalente a 4,2% do atual valor da frota.

“Se os preços não se recuperarem, a Localiza já ajustou o valor contábil de sua frota. Por outro lado, se os preços se recuperarem, a empresa vai reportar margens de seminovos mais altas que o esperado para o segundo semestre de 2023 e em 2024”, dizem os analistas do BBI.

A casa estima que o impairment poderá reduzir em até 20% os ganhos líquidos da Localiza em 2023, com um impacto negativo entre R$ 0,48 e R$ 0,54 por ação da companhia. Ainda assim, o BBI mantém avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para o papel, com preço-alvo de R$ 75.

O Santander observa que as estimativas da Localiza contemplam descontos maiores do que os que estão sendo dados pelas fabricantes de veículos e preveem um impacto mais duradouro no segmento de seminovos.

“À primeira vista, as estimativas da empresa parecem conservadoras, o que pode se justificar pela baixa visibilidade da duração do programa e descontos adicionais sendo aplicado pelos fabricantes”, escreveram os analistas.

“Pelo lado positivo, acreditamos que a Localiza pode tentar desacelerar os volumes de seminovos para reduzir impactos da medida e conseguir melhor condições de compras”, complementa.

Para o Itaú BBA, as previsões da Localiza reforçam a visão de que o programa do governo – apesar do impacto negativo em 2023 – pode ter efeitos positivos em 2024. “Contudo, nossas expectativas foram reduzidas de alguma forma, dado o fato de que o programa ficou limitado a R$ 500 mil”, escreveram os analistas.

“Caso o programa seja estendido além de quatro meses e orçamento de R$ 500 milhões também seja ampliado, o impacto líquido poderá ficar próximo do upside  de 10% que estamos estimando para os ganhos em 2024″.

A duração do programa é um ponto de preocupação para a Levante Ideias de Investimentos. “Torna as perspectivas de economia de capex bastante restritas, considerando a exclusividade de vendas para pessoas físicas nos primeiros 15 dias e a possibilidade de prorrogação por igual período. Nesse caso, entendemos que os impactos negativos podem se sobrepor aos positivos”, avaliam.

De acordo com cálculos preliminares da Anfavea, os benefícios poderão durar cerca de 1 mês. Também vale lembrar que existe uma demanda reprimida para pessoas físicas, considerando que as vendas ficaram estagnadas desde a segunda quinzena de maio na espera do lançamento, e há um trade up de seminovos para zero km com a promulgação das medidas, aponta a Levante.

“Entendemos que as perspectivas para a Localiza serão mais favoráveis se o governo estender o programa. Considerando as experiências anteriores e que hoje as locadoras respondem por uma parcela muito maior das compras do que durante a vigência dos programas anteriores, isso se torna mais provável, já que alcançar essas empresas é importante para estimular a indústria”, conclui a casa de análise.

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Fonte infomoney
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