IBP aponta que déficit de diesel para 2º semestre caiu no país
Votação da ANP que ampliaria prazo de estoque das empresas foi adiada por pedido de vista
Um relatório do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), divulgado nesta terça-feira (26), mostra uma melhora nos estoques nacionais de diesel S-10. Em relação ao panorama de 15 dias atrás, o país saiu de uma previsão de déficit de 672 milhões de litros no segundo semestre para uma de 214 milhões.
A nova projeção do IBP mostra que os meses de julho, agosto e outubro apresentam uma oferta vinda de importação e produção nacional superior à demanda, com superávit de 62, 86 e 88 milhões de litros, respectivamente. O cenário se inverte, com busca superior à oferta, em setembro, novembro e dezembro.
Nos dois últimos meses do ano, o IBP aponta uma reversão de um déficit de 261 e 243 milhões de litros para 57 e 75 milhões de litros. “Nos meses de setembro, novembro e dezembro de 2022 há a expectativa de um pequeno déficit que poderá ser suprido com os estoques atuais do país”, diz o documento.
A gerente de distribuição de combustíveis da entidade, Ana Mandelli, afirma que a melhora veio das empresas envolvidas nas operações.
“Primeiro, teve um esforço das refinarias. Elas já tinham dito que fariam isso para aumentar a oferta, se ajustou a oferta tanto da Acelen quanto da Petrobras. E isso teve um impacto positivo na oferta local do produto. A segunda melhoria foi reportada pelas distribuidoras, que estão fazendo importações grandes de S-10. Elas provavelmente estão vendo o mercado positivo e estão recompondo”, colocou à CNN.
Segundo Ana Mandelli, as projeções apontam para um aumento do consumo de diesel S-10 no país, no segundo semestre, entre 1% e 1,5%.
Esse é o segundo boletim de monitoramento do diesel publicado pelo IBP. O projeto foi lançado no início deste mês, diante de um contexto mundial de incertezas, por conta da guerra na Ucrânia e temporada de furacões no Golfo do México, um dos principais polos produtores mundiais, além de maior demanda no segundo semestre para escoar a safra brasileira.
Esse cenário fez a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sugerir, no fim de junho, uma ampliação do prazo de estoque mínimo das empresas produtoras e distribuidoras de três a cinco dias para nove dias. Nesta terça-feira, a ANP votaria a nova resolução, com vigor entre setembro e novembro, mas um pedido de vista adiou a decisão.
Relatora vota pela ampliação do prazo de estoque; diretor da ANP sugere nova análise
Na reunião da diretoria da ANP desta terça-feira, o diretor Fernando Moura pediu vista e defendeu que existe a necessidade de uma nova avaliação da produção nacional, cuja expectativa para o período entre setembro e novembro teria crescido 7,47%. Moura também argumentou a substituição por uma medida de menor custo operacional para as empresas.
Ele declarou que “que se faz necessária, de fato, ação da ANP no sentido dessa garantia. No entanto, entendo também não ser possível ainda sopesar adequadamente os sacrifícios e benefícios que a medida trará.”
Já em uma apresentação que defendeu a ampliação do prazo para nove dias, o superintendente da ANP, Rubens Freitas, disse que a mudança deixaria os estoques em 1.540.000 litros, índice já próximo do praticado atualmente pelas empresas. Freitas também alertou que o Brasil precisa importar 34% da demanda de diesel S-10 e que haverá déficit.
“Não estamos sobrecarregando os agentes econômicos. Tão somente em função de todas essas incertezas, vamos ficar por mais três meses com estoque até menores do que já vinham fazendo, como de maio”, colocou na reunião.
Após a exposição de Freiras, a relatora do caso, Symone Araújo, votou favorável à nova resolução, mas a decisão final foi adiada por conta do pedido de vista de Fernando Moura.
O IBP é contrário à medida e afirma que ela não terá os impactos previstos para evitar o risco de desabastecimento. “Não se resolve com a proposta que eles estão colocando na mesa. O que a gente está propondo é que esse monitoramento, que está sendo feito de forma muito cuidadosa pela ANP, EPE, continue. Porque está nos mostrando uma capacidade grande de reação já operando no Brasil”, colocou Ana Mandelli, gerente de distribuição de combustíveis do IBP.