Ibovespa fecha em queda de 0,65%, com mineradoras e siderúrgicas pesando sobre desempenho
Além do minério, dados macroeconômicos e performance da bolsa americana também acabaram afetando o índice
O Ibovespa fechou em queda de 0,65%, aos 104.865 pontos pontos, em um pregão com um volume de negociação de R$ 15,9 bilhões, baixo por conta do período de festas. O índice foi afetado negativamente pela performance das mineradoras e das siderúrgicas que registraram fortes baixas após o preço da tonelada do minério recuar mais de 3% na China. O preço das ações ordinárias da Vale (VALE3) desceu 2,72%, das preferenciais, da Usiminas (USIM5), 1,93%, e das ordinárias da CSN Mineração (CMIN3), 2,54%.
O preço da commodity retrocedeu pelo fato de o gigante asiático, maior consumidor do produto no mundo, ter apresentado uma queda de 2,3% na produção de aço em dezembro. “A menor produção levou também ao aumento do estoque de aço na China”, comenta Henrique Esteter, especialista de mercados do InfoMoney.
O temor em relação ao consumo de minério no país ainda se estende para o futuro. “Há incertezas também sobre a demanda do começo do ano que vem, ainda mais com as restrições ambientais por conta das Olimpíadas de Inverno”, completa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
Além do minério, dúvidas em relação ao processo de recuperação judicial da Samarco, joint venture da Vale com o grupo anglo-australiano BHP, também pesaram nos papéis da mineradora. A diretoria da companhia, que possui mais R$ 50,5 bilhões em dívidas, e seus credores não chegaram a um consenso sobre o desenrolar do processo, apesar de terem se comprometido a continuar discutindo.
A Vale, bem como as siderúrgicas e mineradoras, não foram as maiores quedas porcentuais do índice. “Vale e siderúrgicas são empresas que possuem muito peso no Ibovespa. Só a Vale, se você for somar a Bradespar (BRAP4), representa mais de 10% da pontuação”, explica Esteter.
As maiores baixas percentuais do Ibovespa, por sua vez, foram Asai (ASAI3), Lojas Americas (LAME4) e Intermédica (GNDI3). Do outro lado, entre as altas, ficaram Cielo (CIEL3), Yduqs (YDUQ3) e CVC (CVCB3).
Dia teve dados do emprego, do crédito e da confiança de setores
Além das mineradoras, pesou também no índice brasileiro a divulgação de dados do mercado de trabalho e da confiança dos setores de comércio e de serviço.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxe que a taxa de desemprego recuou para 12,2% no trimestre encerrado em outubro, ante 12,6% no segundo trimestre deste ano. Apesar da melhora aparente, com a diminuição do número de desempregados, a pesquisa PNAD também trouxe alguns pontos negativos.
“Vimos de fato a aceleração dos empregos, mas o nível de renda é ainda bem baixo. A renda média do trabalho é a menor da série histórica iniciada em 2012”, comenta Esteter.
O Goldman Sachs, em relatório, foi na mesma direção, apontando ainda que a criação de empregos, apesar de superar o consenso, desacelerou na comparação com os meses anteriores.
Ainda o Goldman Sachs analisou que a carteira de crédito do país, apesar de ter crescido, desacelerou. “Esperamos que as condições de crédito para não empresas se tornem um pouco mais exigentes nos próximos meses, dado o nível recorde de endividamento do consumidor, taxas crescentes e mercado de trabalho ainda significativo”, comentaram.
A FGV trouxe que a confiança dos setores de comércio e de serviços recuaram em dezembro ante novembro, na mesma sequência, 2,7 pontos, para 85,3 pontos, e 1,3 pontos, para 95,5.
O dólar comercial fechou estável, subindo apenas 0,02%, a R$ 5,639 na compra e a R$ 5,640 na venda. O dólar futuro fechou em leve queda de 0,11%, a R$ 5,626. No mercado de juros, os contratos DI com vencimento para fevereiro de 2023 subiram 23 pontos-base, para 11,67%, os com vencimento para feveirero de 2025 caíram 5 pontos-base, e os com vencimento em fevereiro de 2029 recuaram 9 pontos-base.
Bolsas americanas abriram em alta, mas cederam
Por fim, há a performance das bolsas americanas. Apesar de terem aberto em alta, S&P 500 e Nasdaq, passaram a cair no meio do pregão, fechando em queda de, respectivamente, 0,10% e 0,48%.
“Os investidores estão em contagem regressiva para 2022 e não parecem querer assumir novos riscos, mesmo com o cenário internacional em alta, apesar de também registrar menor liquidez”, comentou Alexsandro Nishimura, head de conteúdo e sócio da BRA.
Ao meio dia, o Federal Reserve de Richmond divulgou sua leitura mensal sobre o setor de manufatura, que ficou em 16, ante 11 em novembro. Simultaneamente, os yields dos tesouros americanos ganharam tendência de alta: sinais de que a economia do país está aquecida vêm sendo interpretados como um impulso ao corte de estímulos e à alta dos juros. O Dow Jones, normalmente menos afetado pelo avanço dos juros, conseguiu fechar o dia subindo 0,26%.