Gigante de aço defende preços mais altos para garantir oferta à indústria
A maior produtora de aço do Japão enviou outro alerta para gigantes do setor de manufatura no país: aceitem os aumentos de preços. Caso contrário, a oferta estável pode não ser garantida.
Agora, há uma enorme diferença entre os preços internacionais e domésticos do aço, e a Nippon Steel corre o risco de ficar para trás, disse o vice-presidente executivo da empresa, Takahiro Mori, que pediu “aumentos urgentes” para que a siderúrgica possa competir com os principais rivais estrangeiros “em pé de igualdade”.
“Os preços do aço no Japão estão muito baixos em comparação com os internacionais”, disse em entrevista. “Particularmente, precisaremos corrigir urgentemente os preços dos contratos que são acertados por meio de discussões com grandes usuários.”
Embora o executivo não tenha identificado os clientes domésticos, a indústria monitora de perto as negociações de preços semestrais entre a Nippon Steel e a montadora Toyota, que normalmente servem como referência.
Os preços do aço dispararam globalmente em meio ao boom das commodities, o que elevou os resultados trimestrais de usinas ao redor do mundo. Mori não quis especificar a diferença entre os preços dos contratos domésticos e internacionais, mas disse que a lacuna é “maior do que você pode imaginar”.
“As maiores usinas estrangeiras estão se beneficiando dos altos preços do aço em seus mercados domésticos, mas não temos isso”, disse Mori, em referência à análise da empresa sobre os lucros trimestrais relativamente mais fracos. “No segundo semestre do ano passado, cortamos custos desesperadamente e trabalhamos duro para reduzir os pontos de equilíbrio, então não acho que os custos da empresa sejam maiores do que os dos principais players estrangeiros.”
A ação da Nippon Steel fechou a sexta-feira em alta de 2%, a 2.039 ienes na Bolsa de Tóquio. As ações acumulam alta de 54% neste ano.
Preços baixos
Siderúrgicas globais aumentam os ganhos com a recuperação econômica do impacto da pandemia e pacotes de estímulo que liberam a demanda. Embora os lucros do segundo semestre da Nippon Steel e rivais domésticas como JFE tenham mostrado recuperação significativa, ficaram aquém de grandes rivais, como a gigante europeia ArcelorMittal e a Posco, da Coreia do Sul.
O presidente da Nippon Steel, Eiji Hashimoto, também alertou na semana passada que a empresa não poderá garantir uma oferta estável, a menos que os preços domésticos “excessivamente” baixos sejam corrigidos.
O mercado de aço pode ficará ainda mais apertado no final do ano até março, devido ao aumento da demanda global e à China, que fabrica mais da metade do aço mundial e que prometeu cortar a produção neste ano, disse Mori.
O executivo espera que o minério de ferro fique na faixa de US$ 190 a US$ 200 a tonelada este ano, enquanto a referência para laminados a quente da China permanecerá em torno do nível atual. Na Bolsa de Xangai, a bobina a quente fechou cotada a 5.434 yuans por tonelada na sexta-feira.