Gastos com educação pressionam inflação de fevereiro; carne e frango desaceleram preços dos alimentos
Preços das passagens aéreas e dos combustíveis ajudaram a frear a alta de preços
Os gastos com educação — típicos do começo do ano — pressionaram a inflação de fevereiro, enquanto os preços das passagens aéreas e dos combustíveis recuaram e os preços da carne e do frango ajudaram a desacelerar a inflação dos alimentos, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) divulgados na sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA-15 subiu 0,76% em fevereiro, um pouco acima do esperado, mas economistas dizem que a pressão é sazonal e reflete os reajustes de preços no setor de educação, devido ao início do ano letivo. Foi a maior alta mensal desde abril de 2022 (+1,73%), mas a inflação desacelerou no acumulado em 12 meses (de 5,87% em janeiro para 5,63% agora).
O IBGE diz que a inflação de fevereiro foi influenciada principalmente pelo grupo educação, que disparou 6,41% e representou a maior variação e o maior impacto no IPCA-15, devido aos reajustes praticados no início do ano (sozinho, o grupo contribuiu com 0,36 ponto percentual do índice).
A alta de preços foi generalizada em educação. A maior contribuição veio dos cursos regulares (que avançaram 7,64%), com as maiores variações registradas no ensino médio (+10,29%), no ensino fundamental (+10,04%) e na pré-escola (+9,58%). Mas creche (+7,28%), ensino superior (+5,33%), curso técnico (+4,50%) e pós-graduação (+3,47%) também registraram altas.
Por ter grande influência dos reajustes de mensalidades no período de volta às aulas, a aceleração do IPCA-15 deste mês é claramente sazonal e não surpreende, afirma Claudia Moreno, economista do C6 Bank. “Quando olhamos para a composição do IPCA-15, ele veio um pouco melhor do que o esperado”.
Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE registraram altas de preços em fevereiro (o único com redução foi vestuário, cujos preços diminuíram 0,05%). O segundo maior impacto foi da habitação (alta de 0,63%, com impacto de 0,10 p.p. no índice), devido às altas do aluguel residencial (+0,89%) e do condomínio (+0,62%).
Alimentos
Já a queda nos preços de proteínas, como carne e frango, ajudou a desacelerar o ritmo de alta do grupo alimentação (a alta diminuiu de 0,55% em janeiro para 0,39% em fevereiro). Com isso, o grupo alimentação e bebidas contribuiu com “apenas” 0,08 ponto porcentual do IPCA-15 deste mês.
A alimentação no domicílio subiu 0,38%, devido às altas da cenoura (+24,25%), das hortaliças e verduras (+8,71%), do leite longa vida (+3,63%), do arroz (+2,75%) e das frutas (+2,33%). Por outro lado, caíram os preços da cebola (-19,11%), do tomate (-4,56%), do frango em pedaços (-1,98%) e das carnes (-0,87%).
Passagens aéreas e transporte
Em transportes, a queda de 9,45% nos preços das passagens aéreas contribuiu para desacelerar o ritmo da inflação (a alta de preços do grupo passou de +0,17% em janeiro para +0,08% em fevereiro). Com isso, o grupo — que foi o grande vilão da inflação em 2022, com a escalada dos preços dos combustíveis — foi responsável por apenas 0,02 ponto porcentual do IPCA-15 de fevereiro.
Os combustíveis recuaram 0,28% no mês, com quedas de preços em todos os produtos pesquisados pelo IBGE: etanol (-1,65%), gás veicular (-1,59%), óleo diesel (-0,59%) e gasolina (-0,04%).